Perco o meu destino num gume de uma navalha, ao fundo um acorde de guitarra, e eu sei, que assim que a lâmina ferir a minha alma... vai ficar tudo bem! E porque é tarde - porque sempre foi tarde - não dá para esperar nem mais um segundo. Cansa respirar e este constante arrogante palpitar já foi longe demais.
A vida é uma fronteira! Fica retido neste meu olhar aquela vontade de amar, aquele medo de sofrer, aquele receio de magoar, o dilacerante desejo de morrer. O acorde ecoa num timbre final, num suspiro terminal, na visão obsoleta de um corpo mazelado e frio, afogado em solidão e escorraçado pelo seu próprio sangue. Tão demente, tão hediondo que o vómito do sofrimento padece por sofrer.
Com este adeus começa... o fim! Termina mais uma história, outra lição de vida. Destino, se o houve, desmorou-se no destino de si mesmo, no decapitar sangrento de toda a resignação que em cólera se havia camuflado. Foste um espelho e um espectador, um atento crítico de uma farsa perdida. Trabalhaste o improviso de um riso, o charme de um pensar, esboçaste num rascunho tosco uma personalidade ingrata e fútil. Foste um nada, um desejar ser nada querendo ser tudo.
Mereço morrer!
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