2017-10-27

Hoje: Segurança Social

"Pronto, lá vem este gajo queixar-se outra vez..."

Tendes todo o direito de pensardes o mesmo, mas, por uma vez, enganais-vos...

Portanto hoje fui à Segurança Social, o que não foi exactamente fácil...

Isto vem na peugada de ter sido convocado pelo Instituto do Emprego e da Formação Profissional para prestar provas da procura activa de emprego. Até aqui, tudo bem. Aliás, calhou bem, porque fui convocado na semana em que comecei a trabalhar. Decidi matar dois coelhos* com uma cajadada e, na mesma penada, informar os senhores do Centro de Emprego de que já estou ocupado. Assim fiz, e a senhora que me atendeu (desta vez posso dizer que era uma senhora, porque só tenho coisas boas a dizer dela) disse-me, com grande ênfase, que comunicasse o mesmo à Segurança Social e tentou explicar-me onde eram os escritórios da Segurança Social. Não nos entendemos nesta questão, principalmente porque sempre que ela referia um ponto de referência, eu pensava no acesso ao mesmo por uma rua paralela àquela que ela tinha em mente (enfim, cenas de quem não é de cá...). Portanto, procurei no Google...

Para quem não conhece S. João da Madeira, é uma cidade onde não se pode estacionar. Aliás, em muitos sítios, mesmo circular não é fácil. De facto, o melhor lugar para conduzir é, sem qualquer sombra de dúvida, a zona pedonal (sim, eu sei...!). De maneiras que, mesmo sem saber exactamente onde era o escritório, procurei estacionamento perto de onde o Google indicava e segui a pé. Calcorreei a rua (era uma rua pequenina) sem sucesso, até que entrei numa loja ("O Xanateiro"; gente simpática), onde um cavalheiro (acho que posso dizer que era um cavalheiro, apesar de também não ter razão de queixa) me disse que o Google Maps estava errado (segunda vez este mês). Deu-me igualmente indicações claras, e eu fiz-me novamente ao caminho. Rapidamente, mesmo a pé, dei com os escritórios sa Segurança Social; aliás, são perto de minha casa.

É nesta altura que devia enfatisar o plural, porque encontrei duas portas, aparentemente indistintas, ambas marcadas como sendo um escritório da Segurança Social. Entrei na primeira e procurei a máquina das senhas, mas não havia máquina das senhas. Havia, no entanto, um balcão assinalado "Recepção" com uma pequena fila de pessoas. Assim que me juntei à fila, a senhora (desta vez, é um risco que corro) que estava do outro lado do balcão levantou-se e sumiu. Re-surgiu 20 minutos mais tarde, rapidamente atendeu toda a gente à minha frente e informou-me que o escritório que eu queria era o outro.

Enfim, foi azar.

No outro escritório já havia máquina de senhas. Tirei vez e juntei-me à sala de espera, onde todos os assentos estavam ocupados e criancinhas pequenas e extraordinariamente barulhentas davam azo ao tédio (evidentemente que tenho que citar o Padre António Vieira, e dizer que "se com uma linha de coser e um alfinete torcido vos apanha um aleijado, por que haveis de ser as roncas do mar?", mas a verdade é que se até eu estava preparado para comer a minha própria bóina para aliviar o aborrecimento, coitados dos putos...). Enquanto esperava vez, fui observando a sucessão de combinações das diferentes filas para as quais a máquina emitia senhas e dos balcões que as chamavam. Prestei igualmente atenção à ordem com que os números das diferentes filas se sucediam num mesmo balcão. Concluí que, apesar das "diferentes" filas, todos os balcões (mesmo o da tesouraria) estavam aptos a chamar números de qualquer assunto. Consequentemente, ao invés de cada balcão se concentrar numa única fila, todos os balcões chamavam utentes pela ordem de chegada, independentemente da "classe" da sua senha. É nesta altura que eu tenho que perguntar "então para quê filas diferenciadas?". Claro que me podeis dizer que, se todos os balcões chamam utentes pela ordem de chegada, e todos os balcões tratam de todos os assuntos, então não faz diferença para o utente tirar uma ou outra senha, já que teria sempre que tirar senha. Inclinar-me-ia a concordar, não fora um aviso (impresso num papel pequenino e escondido num canto) detalhando o propósito de cada fila e ameaçando que qualquer utente que tirasse a senha errada teria que tirar nova senha e voltar a juntar-se à fila de espera. Quis mesmo trazer-vos uma fotografia do mesmo aviso, mas um aviso muito mais proeminente alertava para o facto de ser proibido capturar imagens naquele local (a Segurança Social não deve querer que haja provas do que faz...).

Eventualmente fui chamado, e atendido por uma senhora (novamente em segurança), que me informou de todas as medidas que eu podia ter tomado "burrocraticamente" em função da minha situação, com o proviso de que não conhecia as revindicações das Finanças acerca de cada uma delas (também não é o trabalho dela saber o que diabo vai na cabeça das Finanças...), e a quem eu informei do mesmo que tinha dito no Centro de Emprego. Em resposta, ela disse-me que já sabiam, que o Centro de Emprego lhes tinha já dito tudo e que escusava de ter vindo.

...

Pax vobiscum atque vale e pensamentos felizes. Bom fim de semana.

*Ainda se pode dizer "matar dois coelhos com uma cajadada" ou também já há vegans a disparatar com essa cena do "politicamente correcto"?