2012-09-20

Agis III de Esparta, esqueçam o 300

Ao ler a história de Agis III de Esparta, quase que vale a pena perguntar porque é que o filme 300 não relatou a vida de Agis em vez de Leonidas I.

Agis, 3º de seu nome, viveu na mesma época de Alexandre o Grande. A Grécia (e mais tarde, todo o mundo conhecido) dobrava nesta altura o joelho a Alexandre e ao seu país, a Macedónia.

Ora, estava exactamente Alexandre na Pérsia a combater Dário III quando Agis III tem uma daquelas cãibras no joelho (tão tipicamente espartanas) e decidiu juntar um exército para recuperar a grécia. Alexandre estava obviamente demasiado ocupado e manda então um dos melhores e mais veteranos Generais, com 80.000 homens para dominar Agis.



Isto claro, revelou-se um problema para Agis, que tinha apenas cerca de 40.000 homens. Mesmo assim, decidiu enfrentar o exército Macedónio.

O hoplite grego tinha um grande escudo oval , e uma lança de 3 a 4 m de altura e armadura completa.



O hoplite macedónio usava quase nehuma armadura tirando um pequeno escudo atado ao braço, que cobria apenas o seu flanco esquerdo (enquanto que o flanco direito era protegido pelo seu companheiro de armas imediatamente à sua direita). A arma por outro lado, a sarissa, era empunhada pelos dois braços e era uma lança de 7m.



Ou seja, nesta altura, o hoplite grego, que empunhava a lança com a força de um braço, tinha que de algum modo, penetrar 3 a 4m dentro de uma floresta de lanças para conseguir riscar um escudo macedónio...

O resultado do combate é previsível, cerca de 5500 espartanos mortos, para 3000 macedónios.
Mas não fica por aqui. Conta a história que Agis liderou o assalto contra as sarissa macedónias, e tal a violência do combate que ele próprio é atingido várias vezes, e os seus soldados o dão como morto. Os espartanos começam a desesperar, mas mesmo assim tentam salvaguardar o corpo de Agis para ser enterrado em esparta.

Para sua surpresa, o corpo que eles julgavam morto ergue-se de joelhos, e ordena aos seus homens que retirem de forma ordeira, que ele aguenta os 80.000 macedónios(!).

E tal aconteceu. Este homem, ferido ao ponto de ser dado como morto, erguendo-se apenas de joelhos, e empunhando duas espadas que alcançou ali perto, matou todo e qualquer macedónio que tentou dar-lhe a estocada final. O exército macedónio parou, talvez por respeito ou admiração, e mais nenhum homem se atreveu a avançar enquanto Agis III ainda respirava.

Optaram por fim em atirar um javelim, à distância, para matar o bravo Rei.




2012-09-14

O medo - de José Alberto Quaresma


"O medo ensopa o país. Dissemina-se de mansinho por todo o lado como a peste. Penetra nas escolas, nas famílias. E nas repartições, esquadras, quartéis, empresas, mercados, câmaras, tribunais. Não há quarentena que o valha. 
O medo espalha o medo. Nos infantários, escolas primárias, escolas de 2º e 3º ciclo, escolas secundárias, universidades. O medo manda dezenas de milhar de professores para casa com medo. E os que estão na escola a medo ficam. Foçam em papelada transidos de medo. Na aula frente aos alunos sorriem a medo. Os alunos vêem o baço brilho do medo nos olhos docentes. Os alunos brincam, estudam, distraem-se. Mas pressentem a ameaça. O medo já vive dentro deles.
O medo mandou transformar novas oportunidades em velhíssimas inoportunidades. Mascara com as defuntas novas oportunidades a diminuição de alunos para justificar o despedimento de professores. O medo manda atulhar os alunos em contentores que fazem lembrar as salas de aula do passado recente. O medo manda milhares de alunos para a rua da universidade porque não podem pagar as propinas e passam fome. E têm medo porque lhes estão a saquear o futuro.  
O medo de hoje nasceu na rua de S. Caetano à Lapa e no Largo do Caldas de forma legítima directamente vertido das urnas abertas. O medo mentiu sem vergonha para entrar com pompa no Palácio de S. Bento. Subiu decidido à rua Gomes Teixeira. Propagou-se pelo Terreiro do Paço. Chegou ao Palácio Ratton e ao Palácio de Belém.O medo faz medo com o medo que tem do FMI, do Banco Central Europeu, da Comissão Europeia.
E agora o medo tem medo da rua. Encapsula-se com medo a sete chaves em recintos fechados por muros de polícias. No Aquashow, em Quarteira, no fim das férias. Na fortaleza da Gomes Teixeira.  
O medo tem medo de ir à RTP explicar-se a medo. Medo dos trabalhadores e da populaça que possa vociferar na Gomes da Costa. O medo chama a parafernália de carros de exteriores, parabólicas, técnicos, para uma transmissão televisiva em directo do seu bunker. O medo por ter medo não tem pudor em esbanjar assim dinheiros públicos.
O medo manda um ministro de Estado, agora silencioso e outrora palavroso e que não admitia mais austeridade, cancelar à última hora a sua presença na homenagem a um antigo presidente do Brasil, apesar de lá ter regressado há pouco de um passeio oficial. E manda o inefável desmemoriado ministro da 5 de Outubro substitui-lo.
E o medo tem medo de apear a segunda figura do governo que comprou um canudo nos salvados da feira da ladra em que uma universidade por onde passou furtivo se transformou. 
O medo atingiu quem pode porque amanhã tem medo de não poder. O medo finge não ter medo de espoliar reformados e trabalhadores por conta de outrem para meter no bolso da administração de empresas grandes o dinheiro que será seu e que fará dele tudo o que entender menos criar emprego porque as pessoas com medo fazem dieta espartana e não consomem mais do que aconchegos de estômago.
As pequenas empresas agonizam e fecham as portas. E a calçada frente ao Instituto de Emprego peja-se de gente que a medo vai mendigar ao Estado o subsídio que tarde e a medo chega.
O medo manda para a emigração gente qualificada com medo e necessidade de sobreviver, como outrora mandava muito querido jovem compatriota dar o salto para um qualquer bidonville de Paris a preencher o buraco na barriga ou para fugir dos buracos que as balas, minas e armadilhas em África podiam abrir nos camuflados. 
O medo finge não ter medo da raiva em que o medo se pode metamorfosear. Em palavras obscenas de angústia, em bandeiras negras de cólera, em ovos que falham o alvo. Ou, esperemos que nunca, em balas como as que mataram o penúltimo rei ou o quarto presidente da República, o ditador Sidónio. 
O medo pode levar a perder o medo. E o medo perdido incendeia cabeças perdidas. E as cabeças perdidas, em solitário ou em bandos radicais, metem mesmo muito medo."
Todo o texto é de autoria de José Alberto Quaresma, publicado in Expresso

2012-09-11

Para desanuviar, submarinos nucleares

Isto era para ser um post enorme e dissertativo, mas depois apercebi-me de que ninguém quer passar um quarto de hora a ler acerca da história da falta de um jogo de submarinos em condições, portanto, vamos dieritos ao sumo da questão:

Antes de continuarmos, vou assumir que já toda a gente aqui viu, pelo menos uma vez, o "The Hunt for Red October", "K-19" ou mesmo "Das Boot" (ou semelhantes), só para que fique estabelecido - os submarinos são fixes.

Agora, não assumindo nada, vamos olhar brevemente para a história de jogos de submarinos. Digo brevemente porque não há quase nada para ver, comparado com, por exemplo, a história dos FPSs. E, do que há para ver, quase todos são extraordinariamente complicados. Muitas vezes (como se houvesse todas as vezes juntas fossem sequer "muitas"), o jogador, que é o comandante do submarino em questão, tem que ser capaz de desempenhar funções em qualquer dos postos da ponte (sonar, lemes, armas, etc), e estar constantemente a trocar de posto não é lá muito prático. Em podendo dar ordens à lá "Endwar", ou seja, carrega-se no botão, diz-se para o microfone o que é que se quer que aconteça e os duendes do reconhecimento vocal fazem magia para que isso mesmo aconteça, as coisas podiam ser melhores, mas não sei em que pé está essa ideia junto dos simuladores de submarinos - o que, na verdade é menos que relevante, uma vez que esse sistema é inflexível, apesar de funcionar razoavelmente bem... quase sempre.

Portanto, nova ideia: em vez de fazer um jogo para um só indivíduo se armar em Sean Connery durante umas horas de cada vez, vamos pensar em grande: um edifício inteiro (não tem que ser muito grande) dedicado à ideia. Numa (ou duas) divisão, faz-se uma (ou duas) réplica aproximada da ponte de um submarino. Os jogadores inscrevem-se e ficam no registo "da casa". Antes de cada "sessão", cada jogador vai a uma explicação (ou mais, dependendo de tempo e disponibilidade) de como funciona um posto da ponte à escolha, dada por um membro da Marinha, reformado ou em licença por tempo indefinido. A partir daí, fica no registo do jogador que o dito jogador está habilitado a jogar no posto em questão. Caso o jogador esteja qualificado para jogar em qualquer posto, pode jogar como Comandante.

Dadas as palestras, sigamos para o jogo a sério. Escusado será dizer, como os jogadores foram instruídos em prácticas de combate submarino e estão num simulacro da ponte de um submarino, o objectivo é estrelar ovos, ou, alternativamente, caso algum dos participantes não goste de ovos estrelados, cumprir uma missão típica de um submarino (por exemplo, afundar uma frota de navios de superfície, ou caçar outro submarino). Caso haja duas equipas e dois simulacros, os jogadores podem decidir jogar ambos na mesma equipa ou uns contra os outros. Se as equipas não estiverem completas, a casa há de ter funcionários (possivelmente também da Marinha) que preencham os lugares em vazio (máximo de, por ora, duas vagas por equipa, e uma delas pode ser o Comandante, caso não haja jogadores qualificados). Depois, é deixar a malta divertir-se a fingir que está debaixo de água.

Não pensem que a ideia é tão descabida como parece (se bem que pareça assaz descabida). Afinal, no Caramulo, há uma companhia que faz uma coisa parecida: cidadão perfeitamente vulgares vão para um hotel durante um fim de semana; no Sábado têm uma sessão de treino e no Domingo vestem fatos de neoprene e vão descer o rio Teixeira a pé, por exemplo, ou fazer rappel ou rafting ou arranjar outra maneira de se partirem todos em prol de fazer desporto no meio da Natureza. O patrão, em 2002, era um Capitão do Exército em licença por tempo indefinido e os funcionários, para além de darem o treino, ajudavam os participantes durante a "viagem" (e, a páginas tantas, bem que era preciso).

Fica a ideia. Pode ser que arranje parceiro de negócio.

Pax vobiscum atque vale.

2012-09-09

The Beginning of the USSA

Passou a estar à venda nos Estados Unidos da América, uma revista de apoio à Candidatura do Mitt Romney à Casa Branca que tem a seguinte capa.



Isto faz lembrar uma outra imagem de tempos passados, que quase trouxe o mundo à beira de uma guerra nuclear...


Definitivamente o Capitalismo Americano falhou... pois acabou-se por tornar igual ao seu arqui-inimigo de tempos passados....

2012-09-07

Coelhinho se eu fosse como tu...



"Estas medidas põem o país a pão e água. Não se põe um país a pão e água por precaução." 
"Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa." 
"Aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias." 
"Nas despesas correntes do Estado, há 10% a 15% de despesas que podem ser reduzidas." 
"O pior que pode acontecer a Portugal neste momento é que todas as situações financeiras não venham para cima da mesa." 
"Aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos." 
"Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos." 
"Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos." 
"Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado." 
"Já estamos fartos de um Governo que nunca sabe o que diz e nunca sabe o que assina em nome de Portugal." 
"O Governo está-se a refugiar em desculpas para não dizer como é que tenciona concretizar a baixa da TSU com que se comprometeu no memorando." 
"Para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa." 
"Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas." 

Vamos ver o comunicado de hoje às 19:20