2012-09-11

Para desanuviar, submarinos nucleares

Isto era para ser um post enorme e dissertativo, mas depois apercebi-me de que ninguém quer passar um quarto de hora a ler acerca da história da falta de um jogo de submarinos em condições, portanto, vamos dieritos ao sumo da questão:

Antes de continuarmos, vou assumir que já toda a gente aqui viu, pelo menos uma vez, o "The Hunt for Red October", "K-19" ou mesmo "Das Boot" (ou semelhantes), só para que fique estabelecido - os submarinos são fixes.

Agora, não assumindo nada, vamos olhar brevemente para a história de jogos de submarinos. Digo brevemente porque não há quase nada para ver, comparado com, por exemplo, a história dos FPSs. E, do que há para ver, quase todos são extraordinariamente complicados. Muitas vezes (como se houvesse todas as vezes juntas fossem sequer "muitas"), o jogador, que é o comandante do submarino em questão, tem que ser capaz de desempenhar funções em qualquer dos postos da ponte (sonar, lemes, armas, etc), e estar constantemente a trocar de posto não é lá muito prático. Em podendo dar ordens à lá "Endwar", ou seja, carrega-se no botão, diz-se para o microfone o que é que se quer que aconteça e os duendes do reconhecimento vocal fazem magia para que isso mesmo aconteça, as coisas podiam ser melhores, mas não sei em que pé está essa ideia junto dos simuladores de submarinos - o que, na verdade é menos que relevante, uma vez que esse sistema é inflexível, apesar de funcionar razoavelmente bem... quase sempre.

Portanto, nova ideia: em vez de fazer um jogo para um só indivíduo se armar em Sean Connery durante umas horas de cada vez, vamos pensar em grande: um edifício inteiro (não tem que ser muito grande) dedicado à ideia. Numa (ou duas) divisão, faz-se uma (ou duas) réplica aproximada da ponte de um submarino. Os jogadores inscrevem-se e ficam no registo "da casa". Antes de cada "sessão", cada jogador vai a uma explicação (ou mais, dependendo de tempo e disponibilidade) de como funciona um posto da ponte à escolha, dada por um membro da Marinha, reformado ou em licença por tempo indefinido. A partir daí, fica no registo do jogador que o dito jogador está habilitado a jogar no posto em questão. Caso o jogador esteja qualificado para jogar em qualquer posto, pode jogar como Comandante.

Dadas as palestras, sigamos para o jogo a sério. Escusado será dizer, como os jogadores foram instruídos em prácticas de combate submarino e estão num simulacro da ponte de um submarino, o objectivo é estrelar ovos, ou, alternativamente, caso algum dos participantes não goste de ovos estrelados, cumprir uma missão típica de um submarino (por exemplo, afundar uma frota de navios de superfície, ou caçar outro submarino). Caso haja duas equipas e dois simulacros, os jogadores podem decidir jogar ambos na mesma equipa ou uns contra os outros. Se as equipas não estiverem completas, a casa há de ter funcionários (possivelmente também da Marinha) que preencham os lugares em vazio (máximo de, por ora, duas vagas por equipa, e uma delas pode ser o Comandante, caso não haja jogadores qualificados). Depois, é deixar a malta divertir-se a fingir que está debaixo de água.

Não pensem que a ideia é tão descabida como parece (se bem que pareça assaz descabida). Afinal, no Caramulo, há uma companhia que faz uma coisa parecida: cidadão perfeitamente vulgares vão para um hotel durante um fim de semana; no Sábado têm uma sessão de treino e no Domingo vestem fatos de neoprene e vão descer o rio Teixeira a pé, por exemplo, ou fazer rappel ou rafting ou arranjar outra maneira de se partirem todos em prol de fazer desporto no meio da Natureza. O patrão, em 2002, era um Capitão do Exército em licença por tempo indefinido e os funcionários, para além de darem o treino, ajudavam os participantes durante a "viagem" (e, a páginas tantas, bem que era preciso).

Fica a ideia. Pode ser que arranje parceiro de negócio.

Pax vobiscum atque vale.

6 comments:

Peres said...

Hehe, sabes que já há isso mas para uma bridget StarTrek\Enterprise?
Geekgasm:
http://www.youtube.com/watch?v=72XhdVqDT1g&feature=player_embedded

Quanto aos submarinos, e tendo já jogadado uma boa dose de bons simuladores em manual adorava ver alguém a tentar essa ideia com um sub do tempo da ww2. A solução de disparo do torpedo era toda manual, em que tu, usando trigonometria avançada e um periscópio aos "saltos" com agitação marítima calculavas a distancia, velocidade e "bearing" do alvo, tinhas de identificar o alvo para determinar profundidade do torpedo e por fim, fazer tudo isto tendo em conta os x minutos que levas para fazer o cálculo, fazendo com que a solução de disparo real é 0.Xº mais para a esquerda ou direita.

Ou então no sonar, chegando ao ponto de, contando quantas vezes as pás entram na água, sabes a quantos nós o alvo viaja.

Heck, e porque não simulação de caravela portuguesa?

ArabianShark said...

O problema do simulador da Enterprise, a meu ver, é que não me apetece lá muito fingir que sou o capitão Kirk ou o Tenente Sulu. Nada contra Star Trek, até gosto de Star Trek, moderadamente, mas prefiro marginalmente fingir que sou o Sean Connery a fingir que sou o Patrick Stewart e prefiro de longe fingir que sou o Sean Connery (ou o Liam Neeson ou mesmo o Harrison Ford, para meter o K-19 à mistura) a fingir que sou o William Shatner.

Claro que é escusado fazer um simulador hiper-realista; é mais ou menos o mesmo que querer fazer um simulador exacto de um carro desportivo de transmissão manual e venderes a ideia a garotos de 10 anos - é claro que não vão conseguir dazer nada de jeito. É preciso incorporar alguma automatização, mesmo que não seja exactamente realista. Aliás, estou em crer que, nos submarinos actuais, o computador ligado ao sonar é capaz de identificar quantas pás tem uma hélice. Posto isto, fazer os jogadores saber um bocadinho de trigonometria não lhes faz mal nenhum. Podem levar calculadora e tudo. Ou um ábaco, se fizerem questão, mas duvido que lhes sirva de muito...

Quanto à ideia de fazermos isto com um submarino da Segunda Guerra Mundial, não é má, mas estamos a vendê-la ao público errado! O que há a fazer daí é livrarmo-nos dos jogadores e meter ao barulho os concorrentes. Duas equipas, cada uma em seu simulacro, e o objectivo é caçar o submarino uma da outra. A equipa que ganhar recebe um prémio (por exemplo, cada concorrente ganha um emprego. Eu jogava...) e, quando o submarino da equipa que perdesse fosse destruído, o simulacro deles inundava-se e eles tinham que escapar antes de se afogarem.

(Claro que nem eu sou tão sádico que afogasse os concorrentes; para começar, o simulacro não havia de se inundar nem de longe nem de perto tão depressa como um submarino roto a 300 metros de profundidade e se houvesse sarilho a sério, escoava-se logo o simulacro.)

Depois, vendia-se o programa à TVI. Ou a um canal Japonês, que parece que eles embarcam em cantigas um bocado estranhas (não estou a falar do Gangnam Style, até porque essa chinesice é Coreana).

Simulação da ponte da caravela Portuguesa não me parece particularmente emocionante, excepção feita a três ocasiões:

1. Defrontar piratas. Virar de bordo e varrê-los a tiro de peça! Yarr...
2. Usar um sextante ou um astrolábio. Não é que isso me emocione, mas ver o cidadão comum a ver-se a braços com um instrumento desses deve ser hilariante.
3. Canto X. Esso simulacro é capaz de ser giro.

Zeca said...

Blue Submarine no.6 FTW ... :P

Sintra said...

A vasta maioria dos gamers quer algo facil e fixe de jogar, que nao seja exigente em termos de esforco.
Eu sou um desses agora. Chego a casa, passado um bocado ligo a xbox, dou umas malhas no tekken (coisa de 30 mins) e depois desligo. A ultima coisa que quero fazer depois do trabalho eh jogar um jogo em que outros estejam dependentes de mim ou jogar um jogo em que esteja dependente de outros. Nao quero o minimo de stress, so quero desanuviar.
Sabem que mais? A maioria das pessoas sao como eu (fora o pessoal mais novo que anda a estudar, esses curtem bue jogos multiplayer).
Naqueles 30 a 60 mins nao quero interagir com ninguem, entro em modo bicho e nao quero que ninguem me chateie.

E agora vens me com um jogo extremamente complexo em que em vez de jogar tou a trabalhar?
Por alguma razao isso nunca pegou, mas a venda de jogos de desporto singleplayer continuam a vender de crl.

Ha uns anos atras iria achar este ideia excelente. Agora tou me bem a cagar para ser extremamente honesto.

ArabianShark said...

Bem hajas pela tua candura, Sintra.

Francamente, concordo contigo no que toca a preferir jogos single player a multiplayer, regra geral.

"Por alguma razão isso nunca pegou (...)". Está certo, sem dúvida, mas a razão não será "porque ainda se não tentou"?

Sintra said...

Também não é algo propriamente fácil de se conseguir, se formos realistas. Assim do mais parecido seriam daqueles jogos tipo laser tag ou paintball. São caros, é difícil combinar bem as cenas e são curtos (gamers gostam do tal replayability).
Na verdade há um jogo semelhante ao que queres. Chama-se Natural Selection e é pouco conhecido. Do lado dos humanos, tu podes ser um marine ou o comandante. Como marine podes ter várias tarefas. O comandante (só pode haver um de cada vez) tens que fazer a distribuição dessas tarefas e planear como derrotar os aliens. Muitos jogos são arruinados por comandantes incompetentes e outros por não haver ninguém disposto a lidar com a pressão de ser o comandante. Chegou ao ponto de os developers lançarem uma versão do jogo em modo deathmatch, com upgrades dependentes do teu skill a matar aliens e com o comandante ausente.
Basicamente o jogo é bastante complexo e nada newb friendly, o que tem a desvantagem de ser um jogo que a grande maioria dos gamers simplesmente não gosta.

Será mesmo do não se ter tentado a sério, ou será que os devs já sabem que não dá em nada?