2005-07-12

Gimme' Your Best Shot


O Verão queima-nos as delicadas entranhas, por estes dias. O sangue ferve, muito graças a roupas minimalistas ou à sua respectiva inexistência, e a líbido assemelha-se a um hamster aproveitando os seus últimos momentos de vida com uma overdose de ecstasy. São dias em que o animal em nós parece sair à rua com desmesurada frequência, só esporadicamente regressando à toca enquanto nos deixa matutando sobre o que acabamos de sentir. E agora...mais uma das questões pseudometafísicas (dicionários são fiiixxxss) que tanto me apraz colocar. E aqui vai, portanto...Em vossa opinião, caros frequentadores do Disco - "Onde somos todos filhos do mesmo verme" - o que é que torna a vida verdadeiramente interessante?
Se partilharem - ainda que vagamente - da minha opinião, e responderem "Simplesmente estar vivo", tentem perscutar um pouco mais fundo os recantos cavernosos das vossas mentes. Não peço o passatempo favorito, nada disso. Tão somente um aspecto razoavelmente definido (não tem de ser concreto, e não é de aspectos concretos que estou à espera, mas façam o favor de me surpreender) que tenha o condão de proporcionar um paladar especial à vossa estadia nesta louca bola de espelhos rodopiante que grassa pelo vazio(??) interminável(?).
A minha humilde pessoa(!?) pensa que nada dá mais gozo à vida que a diversidade de pensamentos e opiniões. O "caos" (não aprecio o gosto do vocábulo, mas ultramegahiperdiversidade era muito comprido) de individualidade que (ainda...) existe no nosso Mundo, e a forma como todos, nas nossas peles de padrões mais ou menos distintos, tentamos entender as acções e pensamentos do próximo, sem nunca o conseguirmos verdadeiramente...mas sem nunca deixarmos de o fazer. E eu sei que pedi apenas um, mas o aspecto que acabei de referir encontra-se (acreditem) perfeitamente empatado no topo com essa hydra com a tendência para enigmas e questões difíceis de uma esfinge que é, tão simplesmente, o amor...
Iluminem-me, então, com a vossa visão do que é melhor na vida, o que vos faz realmente mexer...dêem-me a gasolina mais aditivada que encontram por estas paragens...e depois, se ainda tiverem paciência, critiquem as opções do indivíduo mais próximo.
Um Verão...razoável...

5 comments:

Saurnil said...

Existe arte, que nos pretende mostrar e fazer sentir vários tipos de sentimentos; divertir-nos, ou simplesmente entreter-nos. Cada vez mais actividades nos são propostas, quer sejam relacionadas com trabalho ou lazer.
No entanto, o que precisamos para ser felizes... não é assim tanto. Sentir-mo-nos seguros. Ter uma profissão (seria entediante ser completamente inútil para a sociedade). Ter, ainda que poucos, BONS amigos. Ter um pouco de tempo para fazer o que gostamos. Apreciar o que consideramos belo (pôr do sol, o aninhar de um gato no colo, acariciar e/ou brincar com um cão, a alegria autêntica 'estampada' no rosto dos que nos rodeiam) e perceber que os maus momentos da vida simplesmente acontecem. Às vezes são necessários. Cada minuto que passa pode ser um momento de descontracção, de melhorar alguma coisa ou de aprender alguma coisa, dependendo das circunstâncias e da vontade própria.
Se acharem que apenas tenho medo da morte, aceito, assim como também aceito que me digam que só estou a dizer tretas.
Vivemos num mundo em que muitos de nós julgam que alguém que não consideremos minimamente atraente, não seja divertido e não conheça minimamente os clássicos e génios da ciencia, cinema, literatura, etc, é desinteressante, quase não vale a pena conhecer. Tenho uma certa receio que, as pessoas se estejam a distanciar emocionalmente.
Diverte-me realmente saber qual é o próximo inutilitário a ser inventado. Conhecer as criações da imaginação, quando a realidade aparenta ser tão desinteressante que precisamos de criar novos (grandes e pequenos mundo), que resultam da questão " E se...?". Aborrecê-mo-nos facilmente.
Não sei qual a razão dessa questão, queres verificar se as respostas são unânimes, muito variadas, ou apenas não consegues responder, e procuras que respondam por ti?
Gosto de construir mentalmente diagramas das relações interpessoais, conhecer as histórias de vida, conhecer as razões que levam as pessoas a tomar certas atitudes e decisões. Sou uma forma de vida insignificante, daqui a 1000 anos (para eliminar qualquer risco de mentir) nada no mundo físico vai saber da minha existência. Mesmo os grandes génios, ninguém os conhece verdadeiramente, tudo quanto sabemos está registado por pessoas que provavelmente nem os conheceram pessoalmente. Os registos podem até ser uma fraude. Ninguém neste momento tem na memória registos deles. O melhor sentimento que conseguimos arranjar para eles é respeito. Não me quero comparar com eles. Apenas quero mostrar que a vida não é importante depois de morrermos. Deixo-vos decidir se a vossa vida é importante agora. Só não se esqueçam de pensar se a vossa vida é importante para mais alguém, ou se a vida de alguém é importante para voçês.
Julgo que o importante é saber que podemos olhar as coisas como se nunca tivessem sido avaliadas, 'rasgar' os olhos. Só que não é assim tão fácil... Saber que podemos tentar fazer o que é melhor e importante para nós, o que nos dá mais prazer ou o que julgamos ser a tarefa onde somos necessários, sem ser egoístas e dificultar a vida dos outros. Ou não fazer nada disso, é convosco.

Saurnil said...

Penso que deixei claras as razões por que vivo. Medo de morrer, não querer fazer sofrer as pessoas que apesar de tudo ainda acreditam em mim. Se estás à espera que eu diga o que me deixa eufórico, irrequieto de satisfação, alegria ou entusiasmo, podes continuar a esperar, porque eu também estou à espera de encontrar. Há coisas que me deixam com 'pele de galinha' por transmitirem tantas emoções, falo de filmes ou jogos ou algo do género. Mas é ficção, é bonito mas irreal. Basear a vida em ficção parece absurdo, pode ser a melhor forma de procurar satisfação, embora seja uma forma ingénua. Sinto que vivo num mundo muito complexo, mas mauito bizarro. Não me identifico com nada nem ninguém. Há pessoas ou actividades, ou qualquer outra abstracção em que sinto alguma espécie de ligação, mas... não sou único. Podia ser substituído. Nunca sinto que uma relação seja minha, um prazer por uma actividade seja minha, que a minha vida seja minha. Qualquer outra pessoa podia viver a minha vida. Eu não sou eu, nem me conheço.

Depos de reler o que escrevi, parece idiota... mas é a verdade.

mariana, a miserável said...

O amor…(por nós, pelos outros, posto em tudo o que fazemos e queremos)…antes de qualquer outra coisa...

Sintra said...

Foda-se, vocês têm que começar a escrever menos.
Eu vejo esses testamentos e perco imediatamente a vontade de ler...

João Gante said...

E depois deste momento de ternura...