Há um certo elemento libertador em postar num blog "às moscas". Sinto que posso escrever o que quiser que não me vireis pedir contas. Podia fazer a afirmação mais controversa de que me lembrasse, ou mesmo inventar uma descarada e inverosímil mentira, ou, quem sabe, jurar a pés juntos que batata, excepto se parafuso parafuso parafuso parafuso pasta de dentes.
(Uma linha de intervalo)
Bem, vamos lá passar adiante, antes que venham por aí os Monty Python ordenar o mesmo.
Diz a sabedoria popular que "não há bela sem senão" nem "rosa sem espinhos", e, sinceramente, não acho que seja derrotismo aceitar o mesmo como um dado adquirido (derrotismo seria, porventura, privarmo-nos do estoicismo com o qual aceitamos o facto sem o ver, necessariamente, como uma "derrota" - aliás, o Nietzsche dizia que se deve achar essas contrapartidas "belas" e apreciá-las como às demais coisas boas da vida. O Nietzsche às vezes também era um bocado parvo... mas nem sempre).
Voltemos, portanto, ao "mas", essa belíssima conjugação que acompanha todas as alvíssaras, louvores e elogios.
"Fulana Assim-Assim é uma miúda espectacular, e quem me dera ter mais amigas como ela..."
MAS!
"... o namorado dela é um alcoólico imoral."
"Fulano Taltal tem uma perspectiva avassaladora sobre uma data de coisas, e tenho conversas extremamente estimulantes com ele..."
MAS!
"... o melhor amigo dele é um asno insuportável."
"Este emprego que comecei há menos de uma semana é impecável e paga rios de dinheiro..."
MAS!
"... o estafeta do escritório tem um hálito, na melhor das hipóteses, nauseabundo."
"A minha mãe trata-me como um príncipe e está sempre a ver quando é que eu preciso de alguma coisa..."
MAS!
"... o filho dela, para além de feio e socialmente incapaz, está a perder o cabelo."
(algumas destas situações são puramente hipotéticas).
A pergunta que vos deixo aqui hoje (deixo-a aqui para não se estragar, que não me parece que alguém cá venha mexer-lhe) é "como lidais com os "mas"?" É que, ultimamente, "paciência", que era a minha solução por omissão para estas pequenas contrapartidas da vida, parece revelar-se insuficiente.
Pax vobiscum...
MAS!
... atque vale.