Google Power

Isto contado ninguém acredita... o que faz vir para aqui contar isto um bocado parvo...

Se calhar, o melhor era ir-me embora sem dizer mais nada.

Pax vobiscum - pronto, está bem, eu conto...

Ontem à noite, depois de jantar, recebi uma mensagem. Até aqui, nada de estranho, a não ser o facto de que, por algum milagre do alinhamento cósmico, tinha rede numa casa de pedra no meio do mato de uma aldeia perdida nos arrabaldes de Viseu (e não era Fail (ou melhor, perto de Viseu quase tudo é fail, mas, a aldeia, não era Fail)). A parte estranha é que o número era completamente desconhecido (outra parvoíce, isto de o número ser "completamente desconhecido". Com tantos números que eu conheço começados por 91, este não podia ser "completamente" desconhecido. Para além disso, já tinha visto todos os algarismos que compunham o número pelo menos duas ou três vezes... cada um) e, ainda por cima, a mensagem era a falar de ganza.

Ora, sexta à noite, no meio do mato, o melhor mesmo era gozarmos um bocado com esta coisa, de maneira que fui respondendo à criatura. A páginas tantas, resolvi assustá-la por ter vindo falar de ganzas a um desconhecido. Para não vos maçar, não vou estar a transcrever a sequência de mensagens, mas mostro-as a quem me pedir com jeitinho. Basta dizer que, para assutar a miúda (é verdade, veio a saber-se que era uma miúda, com um nome até pouco comum, o que é sempre bom. Afinal, Pedros e Joões há a pontapés, mas Veridianos e Higinos nem tanto), comecei a tratá-la pelo nome, que descobri, adivinhe-se, por intermédio de uma amigo de nós todos sem o qual quase nem conseguíamos sair de casa, o Google.

É verdade, bastou procurar pelo número de telefone dela que o Google achou logo o nome, a escola, a turma, o número (do ano passado) e o e-mail. Com o e-mail, dei com o perfil do Hi5. Não procurei Orkult nem Twitter nem mais nada no género, mas também já chega.

Claro que, a páginas tantas, fiz por descansá-la, que não era nenhum stalker, e que estava só a divertir-me um bocado às custas dela. Não ia deixá-la ficar ali, aflita, a ver que raio se passava.

Agora uma coisa engraçada: quando fiz a pesquisa no Google, ele achou um documento do Word no site da escola dela. Ora, para aceder a esse documento, havia de fazer login no site da escola, já que o documento não está disponível ao público em geral, mas o Google, como vimos, não é o público em geral. Usando a opção de "view HTML" que o nosso amigo com dois "Ós" disponibiliza (Obnibolongo tem quatro "Ós", portanto, deve ser duas vezes mais imba que Google...), consegui ver o documento todo, convertido em HTML, no conforto do meu browser, sem fazer login em nenhum site de alguma escola.

Ou seja, o Google "hackou" o site da escola. Hacker alho!

For the sake of closure, a miúda ligou-me, a perguntar quem é que eu era e como é que sabia tanto acerca dela (tanto que era quase nada mais que nada, mas, mesmo assim...). Ora, por mais que se lhe dissesse, duas coiss em que ela se recusou terminantemente a acreditar:

      1. Que o Google me soubesse dizer coisas acerca dela;
      2. Que a mensagem que me mandou viesse ter tido comigo em vez de seja lá quem foi a quem ela quis mandar a mensagem.

Conclusão: Eu não posso senão ser amigo ou conhecido da pessoa a quem ela mandou a mensagem, que, a esta altura, pode ou não ser de Viseu, já que ela também conhece alguém, com um nome perfeitamente vulgar, em Viseu, que, naturalmente, eu também devo conhecer, ainda que não o admita, e que, quando ela mandou a mensagem que não veio para mim mas sim para a pessoa a quem ela a mandou, eu terei visto o texto e o número dela e comecei a assstá-la. O que não tem piada nenhuma.

Faz todo o sentido. Navalha de Occam. Google. Frigorífico.

Pax vobiscum atque vale.