A sério, viajar de autocarro é uma coisa que me chateia, irrita, enfurece, frustra e deprime. Ontem a tendência parecia inverter-se.
Desde há já vários anos que tenho vindo a fazer uso do muito pouco conhecido truque de ouvir música para mitigar o desconforto. Desta vez a música foi antes uma coadjuvante que o principal agente mitigante. E tive a distinta sensação de que o meu iPod (passo a publicidade) estava a gozar comigo.
Coisas que quase nunca (me) acontecem no autocarro: ir ao lado de alguém. Não sei é por ser feio ou se por quê, mas quase nunca ninguém se vem sentar ao pé de mim. O que, na verdade, até faz sentido, já que, em havendo possibilidade, também procuro um lugar ao lado de um assento vazio. Ontem não.
Não fui dos primeiros a embarcar, e pouco antes de mim, tinha entrado para o autocarro uma jovem ruiva. Para eviar chavões chauvinistas e potencialmente ofensivos para meninas e senhoras de bem (como, por exemplo, "Era boa como o < uma de várias possibilidades, p. ex., milho, caraças, etc.>", ou "como uma hélice, gira e «boua»" ou mesmo "era capaz de tirar os dentes da frente para lhe < bem, vocês precebem a ideia>"), descreverei de forma sucinta e superficial como "muito atraente, de formas graciosas e feições delicadas, bonitos olhos verdes, cabelos compridos e algo encaracolados e" podia ficar aqui o dia todo a tecer elogios à jovem em questão, mas deixem-me salientar apenas duas características que me despertaram interesse: o peito amplo, redondo e firme e o top (é assim que se diz, não é? Uma vestimenta de alças, sem mangas, que cobre só o tronco, se tanto) fartamente decotado.
Lembram-se de dizer que costumo procurar um lugar ao lado de um assento vazio? Ontem não.
Conforme me sento está o José Cid no meu iPod a recitar, segundo a letra de "Um Grande Amor/Favas C/Xo'Ri,Co":
        "Nem topo a secretária
        Que é tão boa..."
E, mais adiante, conforme constato que a suspensão do autocarro é tão boa (também esta...) que, de cada vez que passamos por cima do traço intremitente tudo (quero dizer absolutamente tudo) abana, o objecto fininho da Apple que trago amarrado ao braço (estou farto de dizer iPod) lembra-se de me brindar com o tema intitulado, singelamente, de "I'm Horny". Mais lá para diante, os Beatles interpretaram o single "Don't Want to Leave Her Now". Foi aqui que desconfiei que o leitor de MP3 estava a rir-se de mim.
Mas, olha, sempre foi uma mudança agradável.
Pax vobiscum atque vale.
6 comments:
^^
Ah, gajas boas!
Ora aqui está um dilema, e ao mesmo tempo uma mensagem clara. Creio que não és crente em deus.
Ora, um tipico ateu como tu, ao ouvir a primeira mensagem divina no ipod, nem sequer raciocina. Na segunda musica achas "isto esta a funcionar mal", na terceira musica verificas se é da bateria... Depois chegas a casa e raciocinas "Epa...se calhar era uma espécie de "mensagem....neh"".
Se fosses um crente em deus era totalmente diferente: Ouvias a primeira musica, olhavas para o alvo, e dizias para ti "obrigado senhor" Ouvias a segunda e dizias "obrigado senhor". Á terceira musica, ai sim, acenavas, e dizias "obrigado senhor!". E depois ias para casa, reconfortado, pois sabias que deus te estava a dizer "nem com um milagre moço XD".
Hehe, jokes aside...com tanto sinal, e com tempo para ouvir 3 musicas (10-15 minutos?) era de meter essa filosofia e portugues a funcionar e meter alguma conversa XD
Isto tudo so me faz lembrar o ultimo filme que vi no cinema, transformers...em que o bumblebee metia as musicas tambem de acordo com o decorrer das coisas XD mantem olho nesse teu ipod....eles andem ai, vacas no ceu e o camandro.
Quinze minutos? Queria eu! Com as obras na A25 foram quase 80 minutos. Na verdade, por uma vez, não me queixo... muito.
Quanto ao português e à filosofia, pareceu-me ouvir a menina a falar francês ao telemóvel.
E eu não sei filosofar em francês...
moi, toi, sex?
Acho que não é preciso mto francês para meter as coisas em andamento.
E não tou a gozar! Acho que foi o Ruca que me contou um episódio engraçado que ele experienciou. Ora, um amigo brasileiro dele apaixonou-se por uma rapariga sul-africana que tava por lá de férias. Ele falava português (brasileiro) e ela inglês. A frase de engate dele foi algo assim:
You, me, boyfriends?
O gajo comeu-a.
Oy vey!!!
E, com um pouco de sorte, In Soviet Russia, pick-up line say YOU!!
Alguém disse francês ?
Não andas muito atento pois não ?
Voulez vous coucher avec moi, ces't soir?
keep it up.
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