2012-04-19

Negócios submarinos



Dois representantes da Ferrostaal, a empresa alemã que vendeu os submarinos a Portugal e Grécia, foram condenados em tribunal depois de confessarem que pagaram 62 milhões de euros em subornos na venda dos submarinos a estes dois estados. Ou seja, na alemanha, alguém pagou subornos.

Na Grécia, o antigo ministro da defesa foi condenado por ter recebido subornos da Ferrostaal no negócio da compra dos submarinos. Ou seja, na grécia, alguém recebeu suborno no caso dos submarinos.

Em Portugal, o Procurador geral da República diz que o processo dos submarinos não tem avançado porque estão à espera de dinheiro para perícias. Ou seja, em portugal, o ladrão tem de pagar ao polícia para o poder prender.




3 comments:

Ricardo Mesquita said...

Para além da inacreditável justificação do Sr. PGR, o mais curioso deste caso é que já temos subornadores mas ainda não há subornados.

Peres said...

E isso admira?

Relembro o caso de corrupção na câmara de Lisboa, em que ficou provado que Domingos Névoa tentou subornar Sá Fernades com 200 mil euros, mas é absolvido porque "os actos que o arguido (Névoa) queria que o assistente (Sá Fernandes) praticasse, ... não integravam a esfera de competências legais nem poderes de facto do cargo do assistente"
Fonte: http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/bragaparques-ultimas-tvi24-corrupcao-jose-sa-fernandes/1157139-4071.html

Ricardo Mesquita said...

Admito que o caso Névoa tem mais piada, essencialmente pelo pentelho legal utilizado que abre portas a fantásticas tardes de discussão que se incluírem finos e tremoços teria prazer em participar. Face á inobservância de cerveja, fico-me pelo comentário light: A aceitação por parte do tribunal do argumento usado pela defesa é altamente perigoso pois releva para segundo plano o comportamento adoptado e foca-se apenas nos efeitos produzidos. O que é um precedente interessante.

Contudo, no caso Névoa os participantes estão bem definidos. Temos subornado e temos subornador. Já neste caso só temos metade. Há subornador mas desconhecem-se subornados.

E num cruzamento entre casos, repara como a justiça alemã despreza por completo a identidade e a função dos subornados. Estão-se nas tintas se tinham ou não poderes para tal. Eles nem sabem nem consideram relevante saber quem é que recebeu o suborno. O que lhes interessa é que existiu suborno e que tal merece condenação.

É tudo muito simples quando não se complica.