Era assim conhecido por seus inimigos. Ibn-Arrik - Filho de Henrique, El Bortukali - o Português.

Podia dedicar-lhe uma dúzia de posts e mesmo assim não conseguiria enumerar todos os seus feitos. Em vez disso, escrevo sobre o seu "eclipse", que já aqui referi algumas vezes, e exponho a traição de que foi alvo.
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Depois de 2 anos de preparação, a ponta da lança Portuguesa, o já vosso conhecido Geraldo Geraldes assalta Badajoz numa acção relâmpago e consegue capturar as muralhas exteriores da fabulosa praça forte muçulmana. Infelizmente os infiéis conseguem retirar para a alcáçova, e Geraldo, já sem o elemento surpresa é forçado a iniciar um penoso cerco.
Entretanto Afonso e seu exército chegam e reforçam a posição de Geraldo, pouco acostumado à quietude de um cerco clássico, mas duas notícias preocupam os Portugueses:
-Reforços mouros vindos de marrocos que já se encontravam perto de Sevilha
-Fernando II de Leão que marchava para Badajoz
Incrível que a pior destas duas notícias sejam a chegada de Fernando II.
Fernando II, rei de Leão e casado com a filha de Afonso Henriques tinha a ambição de reaver as terras Portuguesas e impedir expansões Portuguesas futuras, mas nada fazia prever tamanha jogada como a do desastre de Badajoz. Apanhando os Portugueses a executar um cerco, Fernando II ordena o ataque e os árabes, aproveitando o momento, executam um audaz assalto contra os sitiantes. Resultado: Um exército portugês apanhado entre a bigorna e o martelo...
As baixas são incrivelmente altas para o exército Português, mas pior ainda, Afonso é terrivelmente ferido na perna e capturado por Fernando II, que o mantém prisioneiro durante 2 meses.

Nesse tempo, obriga Afonso a devolver todos os Castelos tomados na Galiza, e várias posses no Alentejo. Mas mais, não libertou Afonso sem este lhe prometer que "assim que volte a andar a cavalo, se apresente a Fernando, onde quer que ele estivesse, e lhe jurasse vassalagem" acabando assim com o sonho da independência de Portugal.
Teria sido este o fim do sonho Português com um outro Rei menor, mas não com Afonso. Dizem as crónicas da época:
"«El-rei D. Afonso tornou-se pera sua terra e, despois, nunca cavalgou em besta por nom haver razom de tornar à menagem. E sempre se des ali em diante fez trager em andas e em colos de homens. E assi andou toda sua vida.»"
Tinha sofrido uma ferida atroz? Sim. Tinha devolvido territórios? Sim. Prometido vassalagem? Até que talvez sim. Mas derrotado? Longe disso. Afonso não voltou a montar um cavalo depois de Badajoz, por "não haver razão de retornar à luta".
Vejam... não é que faltassem terras para conquistar ou mouros (ou até reis católicos...) para batalhar, mas Afonso tinha prometido vassalagem assim que pudesse voltar a andar a cavalo. Em vez disso, coloca o seu filho Sancho a liderar os exércitos no esforço de Guerra, e ignorando os números dos infiéis, ou até desígnios de Leão e Castela, transforma a sua tragédia em benefício de seus súbditos. Morre, não como viveu, mas colocando sempre o benefício de um País à frente de desejos imediatos ou até mesmo de orgulho pessoal.