Game of thrones, season 2, quase quase a chegar. Mais intriga, mais punhais nas costas e muito, mas muito mais surpresas. Não se apeguem a nenhuma personagem, boa ou má, porque ninguém está livre duma visita ao coveiro nesta série.
2012-02-27
2012-02-23
Alinhamento cósmico
Sabeis aquela sensação quando tendes uma posta ou uma piadola para mandar, mas a oportunidade não surge? Quando tendes as palavras claras na vossa mente e não há maneira de o mundo se pôr de maneira a aceitar aquela breve rajada de humor incisivo, short and sweet, que, de certeza que ia fazer toda a gente escavacar-se a rir, obrigar os homens a nomear-vos como seu líder e compelir as mulheres a fazer amor convosco e ter os vossos filhos (ou ao contrário no caso de... da... ainda haverá leitoras neste blog?)?
Desenganai-vos, nunca nada tem tanta piada no mundo real como nas vossas (nossas) cabeças. O melhor mesmo é não pensar e falar de cor. Esta noite, há bocadinho aconteceu uma oportunidade dourada:
Tínhamos acabado a nossa aula às 9 da noite e fomos ao pub. No nosso grupo figuravam a Kohloud, o Rich, o Peter, o Adam (todos ingleses), a Ana (brasileira), o Alec (namorado da Ana, inglês) e um gordo de pêra todo vestido de preto (portuga). A páginas tantas, já não sei a que propósito, o Alec comenta que o Português é uma língua difícil de dominar. Ao que eu, sem ensaio nem emenda, respondo (citando):
"I know; the Brazillian have been at it since 1500 and they still can't do it!"
A ajuizar pela reacção dos membros anglófonos do grupo, I win...
Pax vobiscum atque vale.
Desenganai-vos, nunca nada tem tanta piada no mundo real como nas vossas (nossas) cabeças. O melhor mesmo é não pensar e falar de cor. Esta noite, há bocadinho aconteceu uma oportunidade dourada:
Tínhamos acabado a nossa aula às 9 da noite e fomos ao pub. No nosso grupo figuravam a Kohloud, o Rich, o Peter, o Adam (todos ingleses), a Ana (brasileira), o Alec (namorado da Ana, inglês) e um gordo de pêra todo vestido de preto (portuga). A páginas tantas, já não sei a que propósito, o Alec comenta que o Português é uma língua difícil de dominar. Ao que eu, sem ensaio nem emenda, respondo (citando):
"I know; the Brazillian have been at it since 1500 and they still can't do it!"
A ajuizar pela reacção dos membros anglófonos do grupo, I win...
Pax vobiscum atque vale.
2012-02-16
História de Portugal(e espanha!) Interactiva, Ep.2
Capítulos anteriores: 1
1066: Outubro
Nuno II de Portugal toma todos os reis ibéricos de surpresa. Declara independência unilateralmente, ou seja, sem o apoio de ninguém. Tristemente para ele, esta rebelião está destinada ao falhanço, porque os nobres portugueses precisam do apoio de Leão ou Castela para enfrentarem o rei da Galiza.
Mas isto não são más notícias para Leão. O facto do rei da Galiza ter entre suas mãos uma rebelião significa que posso finalmente retirar os títulos a Urraca de Zamora, garantindo a sua rebelião sem apoios.
Ora, em Crusader Kings, tal como na Europa medieval, um Rei podia chamar tropas dos seu próprios condados, ou chamar também as tropas dos vassalos. Eu, como Rei de Leão, consigo reunir cerca de 1100 homens das minhas próprias terras, e cerca de 800 mais dos meus vassalos. Chamar os vassalos implica uma perca da sua lealdade por cada semana que as suas tropas continuem no terreno, portanto, só se deve chamar os vassalos quando todas as outras hipóteses estão gastas.
Trava-se a batalha de Zamora, onde derroto as milícias de Urraca, e inicio o cerco ao castelo.
1068: Maio
Quase ano e meio depois, consigo finalmente quebrar a guarnição do castelo, e capturo Urraca
Entretanto, casei com a princesa de Navarra, e no caso do Rei de navarra morrer sem descendente masculino, herdo as províncias correspondentes.
1070: Setembro
Péssimas notícias. Garcia II da Galiza, casado às 2 meses e com 29 anos de idade, morre num "acidente de caça", não deixando herdeiros directos. Resultado? O nosso irmão mais velho, Sancho II de Castela, herda o Reino da Galiza e correspondentes vassalos lusitanos:
1071: Janeiro
Os condados correspondentes a Portugal não me preocupam muito. Os vassalos são pouco leais a Galiza e contribuem com poucas tropas em caso de guerra, preocupando-se mais com a independência, mas os 2 condados da Galiza são altamente fortificados e sozinhos reúnem mais de 1200 homens em tempo de guerra. Preciso agora de aliados contra o "monstro" Castelhano. Caso o meu único filho e futuro herdeiro com a primogénita de Aragão, assegurando uma aliança em tempo de guerra. Aragão pode ser pequeno, mas possui uma aliança extremamente forte com os Bretões, que me pode dar muito jeito no futuro.
1073: Maio
Ao mesmo tempo que assino alianças, tanto Leão como Castela declaram guerra ao emir Badajoz. Como esperado, Beja pouco contribui para o esforço de guerra, e acabam ambos por cair, divididos. Castela e Leão dividem os espólios, expandido os seus domínios para sul:
Mas isto são falsas boas novas. Territórios recentemente conquistados aos infiéis não geram impostos nem milícias. Durante os próximos 20 anos, que é o tempo que os colonos cristãos se demoram a instalar no meio da população maioritariamente muçulmana, estes condados vão ser uma fonte constante de rebeliões, tumultos e despesas, e apenas passados 30 anos depois da sua conquista é que começam a aparecer as primeiras milícias católicas dispostas a lutar por um rei.
1076: Fevereiro
A minha oportunidade. O rei de Castela declarou guerra ao Emir de Valência, que por sua vez estava em guerra com os condes de Barcelona. Castela chama imediatamente os vassalos e as suas tropas são as seguintes: Cerca de 1800 homens são a vanguarda que vai atacar directamente o Emir, enquanto que 600 tropas lusitanas servem de reforços que vão chegar com cerca de 2 meses de atraso à frente de batalha. Eu, sendo também irmão do antigo rei da Galiza, sou pretendente natural ao título de rei e conde da Galiza, e vou usar a oportunidade para "cortar" o exército de Castela ao meio, declarando guerra enquanto os lusitanos estão a viajar no meio de Leão e enquanto os castelhanos estão demasiado embrenhados em Valência para voltarem para trás.
A guerra entre católicos só é possível quando há motivos fortes envolvidos, tal como disputas entre irmãos/primos pelos mesmo títulos, ou quando há provas de tentativas de assassinato ou envenenamento. A guerra entre católicos e muçulmanos não tem restrições, é possível declarar guerra a qualquer momento e por qualquer motivo. E é aqui mesmo que Leão sobrestimou o inimigo. Depois de lidar com as tropas lusitanas, chamando todos os vassalos e aliados que tenho disponível, o poderosíssimo Emir de Sevilha declara guerra:
Estou numa situação delicadíssima. Interromper o cerco da Galiza agora significa permitir a esses condados reunir tropas para um contra-ataque futuro. Ao mesmo tempo, se não absorver a Galiza agora, mais tarde ou mais cedo perco essas terras para os Portugueses. A minha única hipótese é chamar os aliados Bretões (do casamento anterior) e pedir favor ao papa para que declare uma Crusada que chame os Franceses e Romanos(do sacro império romano - ou alemanha) para lutar contra o Emir de Sevilha.
Não percam o próximo capítulo, onde se mostra como fazer omelete sem ovos.
1066: Outubro
Nuno II de Portugal toma todos os reis ibéricos de surpresa. Declara independência unilateralmente, ou seja, sem o apoio de ninguém. Tristemente para ele, esta rebelião está destinada ao falhanço, porque os nobres portugueses precisam do apoio de Leão ou Castela para enfrentarem o rei da Galiza.
Mas isto não são más notícias para Leão. O facto do rei da Galiza ter entre suas mãos uma rebelião significa que posso finalmente retirar os títulos a Urraca de Zamora, garantindo a sua rebelião sem apoios.
Ora, em Crusader Kings, tal como na Europa medieval, um Rei podia chamar tropas dos seu próprios condados, ou chamar também as tropas dos vassalos. Eu, como Rei de Leão, consigo reunir cerca de 1100 homens das minhas próprias terras, e cerca de 800 mais dos meus vassalos. Chamar os vassalos implica uma perca da sua lealdade por cada semana que as suas tropas continuem no terreno, portanto, só se deve chamar os vassalos quando todas as outras hipóteses estão gastas.
Trava-se a batalha de Zamora, onde derroto as milícias de Urraca, e inicio o cerco ao castelo.
1068: Maio
Quase ano e meio depois, consigo finalmente quebrar a guarnição do castelo, e capturo Urraca
Entretanto, casei com a princesa de Navarra, e no caso do Rei de navarra morrer sem descendente masculino, herdo as províncias correspondentes.
1070: Setembro
Péssimas notícias. Garcia II da Galiza, casado às 2 meses e com 29 anos de idade, morre num "acidente de caça", não deixando herdeiros directos. Resultado? O nosso irmão mais velho, Sancho II de Castela, herda o Reino da Galiza e correspondentes vassalos lusitanos:
1071: Janeiro
Os condados correspondentes a Portugal não me preocupam muito. Os vassalos são pouco leais a Galiza e contribuem com poucas tropas em caso de guerra, preocupando-se mais com a independência, mas os 2 condados da Galiza são altamente fortificados e sozinhos reúnem mais de 1200 homens em tempo de guerra. Preciso agora de aliados contra o "monstro" Castelhano. Caso o meu único filho e futuro herdeiro com a primogénita de Aragão, assegurando uma aliança em tempo de guerra. Aragão pode ser pequeno, mas possui uma aliança extremamente forte com os Bretões, que me pode dar muito jeito no futuro.
1073: Maio
Ao mesmo tempo que assino alianças, tanto Leão como Castela declaram guerra ao emir Badajoz. Como esperado, Beja pouco contribui para o esforço de guerra, e acabam ambos por cair, divididos. Castela e Leão dividem os espólios, expandido os seus domínios para sul:
Mas isto são falsas boas novas. Territórios recentemente conquistados aos infiéis não geram impostos nem milícias. Durante os próximos 20 anos, que é o tempo que os colonos cristãos se demoram a instalar no meio da população maioritariamente muçulmana, estes condados vão ser uma fonte constante de rebeliões, tumultos e despesas, e apenas passados 30 anos depois da sua conquista é que começam a aparecer as primeiras milícias católicas dispostas a lutar por um rei.
1076: Fevereiro
A minha oportunidade. O rei de Castela declarou guerra ao Emir de Valência, que por sua vez estava em guerra com os condes de Barcelona. Castela chama imediatamente os vassalos e as suas tropas são as seguintes: Cerca de 1800 homens são a vanguarda que vai atacar directamente o Emir, enquanto que 600 tropas lusitanas servem de reforços que vão chegar com cerca de 2 meses de atraso à frente de batalha. Eu, sendo também irmão do antigo rei da Galiza, sou pretendente natural ao título de rei e conde da Galiza, e vou usar a oportunidade para "cortar" o exército de Castela ao meio, declarando guerra enquanto os lusitanos estão a viajar no meio de Leão e enquanto os castelhanos estão demasiado embrenhados em Valência para voltarem para trás.
A guerra entre católicos só é possível quando há motivos fortes envolvidos, tal como disputas entre irmãos/primos pelos mesmo títulos, ou quando há provas de tentativas de assassinato ou envenenamento. A guerra entre católicos e muçulmanos não tem restrições, é possível declarar guerra a qualquer momento e por qualquer motivo. E é aqui mesmo que Leão sobrestimou o inimigo. Depois de lidar com as tropas lusitanas, chamando todos os vassalos e aliados que tenho disponível, o poderosíssimo Emir de Sevilha declara guerra:
Estou numa situação delicadíssima. Interromper o cerco da Galiza agora significa permitir a esses condados reunir tropas para um contra-ataque futuro. Ao mesmo tempo, se não absorver a Galiza agora, mais tarde ou mais cedo perco essas terras para os Portugueses. A minha única hipótese é chamar os aliados Bretões (do casamento anterior) e pedir favor ao papa para que declare uma Crusada que chame os Franceses e Romanos(do sacro império romano - ou alemanha) para lutar contra o Emir de Sevilha.
Não percam o próximo capítulo, onde se mostra como fazer omelete sem ovos.
2012-02-15
História de Portugal(e espanha!) Interactiva, Ep.1
O que poucos sabem é que acabou de sair o último "hit" da Paradox studios, o Crusader Kings II, que é nem mais nem menos do que um simulador histórico do período de 1066 até 1466. Antes de mais, e indo de baixo para cima, os detentores de terras pagavam impostos e proporcionavam parte da sua tropa a condes. Condes proporcionavam parte desses impostos e tropas a duques, que por sua vez proporcionavam outra parte ao rei.
Para os mais distraídos, em 1066 o norte da península Ibérica era controlado por 3 irmãos:
Garcia II rei da Galiza, que tinha como vassalo Nuno II duque de Portugal
Afonso VI rei de Leão, que tinha uma série de condes como vassalos, um deles a sua Irmã Urraca, detentora do condado de zamora.
Sancho II rei de Castela, que tinha vários condes como vassalos.
SITUAÇÃO:
O problema do Rei de Leão em 1066 era o seguinte. A sua irmã (e vassala) Urraca não era casada, sendo que em caso de sua morte os seus título (e terras) passavam para o irmão mais velho, Sancho II de Castela. Mas mais, Urraca era pretendente do seu próprio título de Rei de Leão, e tinha o apoio do irmão mais novo Garcia II da Galiza.
Mas mais, a sul, o Emir de Sevilha e Valência cresciam cada vez mais poderosos e a almejar as terras dos reis católicos, enquanto que na Galiza os desejos independentes de NunoII de Portugal ameaçavam proporcionar aos Emirs uma oportunidade perfeita para roubarem terras a norte do Tejo.
OBJECTIVOS
Logo, e usando o Rei de Leão, as minhas acções imediatas serão:
1)Casar e assegurar descendência
2)Tirar os títulos e terras a Urraca, o que provávelmente causará a sua rebelião.
3)Solidificar as posições a sul com a construção de castelos e recrutamento de milícias.
4)Fomentar e apoiar financeiramente à rebelião do Sheik de Évora (detentor de Évora, Lisboa, Alcácer do Sal e Mértola) para tentar isolar o emir de Badajoz
Para os mais distraídos, em 1066 o norte da península Ibérica era controlado por 3 irmãos:
Garcia II rei da Galiza, que tinha como vassalo Nuno II duque de Portugal
Afonso VI rei de Leão, que tinha uma série de condes como vassalos, um deles a sua Irmã Urraca, detentora do condado de zamora.
Sancho II rei de Castela, que tinha vários condes como vassalos.
SITUAÇÃO:
O problema do Rei de Leão em 1066 era o seguinte. A sua irmã (e vassala) Urraca não era casada, sendo que em caso de sua morte os seus título (e terras) passavam para o irmão mais velho, Sancho II de Castela. Mas mais, Urraca era pretendente do seu próprio título de Rei de Leão, e tinha o apoio do irmão mais novo Garcia II da Galiza.
Mas mais, a sul, o Emir de Sevilha e Valência cresciam cada vez mais poderosos e a almejar as terras dos reis católicos, enquanto que na Galiza os desejos independentes de NunoII de Portugal ameaçavam proporcionar aos Emirs uma oportunidade perfeita para roubarem terras a norte do Tejo.
OBJECTIVOS
Logo, e usando o Rei de Leão, as minhas acções imediatas serão:
1)Casar e assegurar descendência
2)Tirar os títulos e terras a Urraca, o que provávelmente causará a sua rebelião.
3)Solidificar as posições a sul com a construção de castelos e recrutamento de milícias.
4)Fomentar e apoiar financeiramente à rebelião do Sheik de Évora (detentor de Évora, Lisboa, Alcácer do Sal e Mértola) para tentar isolar o emir de Badajoz
2012-02-13
Acerca da TV portuguesa
No r/Portugal (ainda nao sabem o que eh o reddit??) houve um topico acerca da televisao portuguesa, e achei bue pertinente um dos comentarios:
"É a TV que temos. É uma merda e espero sinceramente que a história da TDT venha acrescentar alguns canais a isto mas estamos a falar de 3.5 canais que dão exactamente a mesma programação, o público apenas escolhe qual o veneno.
Querem gente sem grande entusiasmo mas algum carisma? RTP.
Fofoca e escandaleira? SIC.
Ignorância e paneleirice? TVI.
Não me levem a mal, mas sempre achei piada ao facto da TVI, que começou por ser da igreja, sempre ter sido a mais progressiva no que diz respeito à homossexualidade. Infelizmente só lá metem bichas como o Trouxa e o Castelo Branco que acho que não retratam o cidadão normal que calha a gostar do mesmo sexo, pelo menos não aqueles que conheço. Carlos Casto era a coqueluche da SIC mas apenas a excepção que confirma a regra.
Acrescente-se muito futebol. Não há nada para dar? Futebol. Não há jogo nenhum? Tem que haver, nem que seja duas equipas de júniores de um qualquer lugar perdido no meio do nada.
No caso raro de não haver trata de espetar com uma grande gala sem justificação ou com um qualquer especial em directo dedicado a qualquer coisa que não tem interesse. Que é isto? Gala dos XX anos de YY? Isto estava programado? Quem é o tipo?
Explicando os 3.5 canais: Temos 3 camadas de verniz passadas por cima da mesma prancha de madeira. Cada um escolhe a cor que prefere mas estamos a construir mobília com a mesma madeira prensada de fraca qualidade folheada a material dúbio. Mais cedo ou mais tarde percebemos que estamos a perder com a poupança que fizemos e que devíamos ter investido em madeira melhor. Essencialmente a mesma coisa que com os partidos políticos que temos.
Depois temos a 2. O verniz é de uma marca que conhecemos mas a madeira é melhor. O problema é que não lhe fazem publicidade, é o tesouro escondido e em parte porque não há procura. A fofoca é mais interessante que a cultura, a foleirada importada e refeita para ser "nacional" é melhor que aquilo que é estrangeiro mas com algum valor e a conversa morna ajuda os reformados a adormecer melhor nos lares que as séries que fazem a cabeça funcionar.
E queixam-se das notícias? As notícias são apenas o essencial para manter o estatuto de fornecedor de informação. A informação que passa nelas é filtrada pela equipa editorial não só por motivos políticos mas pela audiência.
É o velho if it bleeds, it leads mas com um twist. Mostremos aquilo que vai invocar "coitadinho" ou "ai, faz-me tanta impressão". A seguir é o estritamente necessário de informação política (mas nada que coloque o público a pensar) ou então o escândalo da moda que, se for bem esticado, dá para uns bons meses (vai dar na mesma, vai é ficar esticado demais). A ideia aqui é invocar empatia, algo mais forte do que isso é mau. Podemos falar na menina de 5 anos (penso que era 5) mas a revolta na Grécia leva uma menção rápida e uma passagem ou duas no rodapé.
De seguida o futebol, pois, porque se fosse logo de início metade do público desligava a TV. Claro que tem-se que atirar um osso ao Tó Manel, ele tem que saber que o treinador do Spirting já era (apesar de já saber tudo pela rádio ou pelos jornais do café) mas falamos nisso durante 2 minutos logo na abertura do jornal e depois repetimos o mesmo durante cinco mais tarde. Chouriço enchido, siga. É importante notar que mesmo que o mundo esteja a assistir a um momento histórico o futebol tem que estar lá. 11 de Setembro? Passamos a emissão toda de volta disto, tal como passámos o dia desde que soubemos, mas temos que falar pelo menos nos três.
E, tal como metade desligava se o futebol viesse em primeiro lugar assim que acabasse essa secção, outra metade chegava a esta altura e já tinha também desligado a TV. Tem que haver algo que prenda até ao fim. Vamos meter as imagens fofinhas dos animais que nasceram no Zoo do outro lado do planeta, os factos informáticos que já se sabem há meses. É o que eu chamo os cinco minutos do Slowpoke, algo do género de: A Apple anunciou recentemente vai lançar um novo produto. Chama-se iPod, sim, com letra minúscula e permite ouvir música num novo formato chamado MP3. O ano de 2012 promete tecnologicamente portanto todos aqueles que pretendem exibir-se com brinquedos que não sabem usar e para os quais têm que contrair um empréstimo só porque uma qualquer vedeta já os tem, já sabem.
Temos uma população extremamente envelhecida e aqueles, que como nós, sabem usar a Internet já largaram a TV pública há muito tempo quer para informação, quer para entretenimento. Nós estamos perfeitamente informados. Nós sabemos que o Passos Coelho não fez nada antes de acabar o curso universitário aos 37 anos e que assim que o acabou foi logo administrador à pala de um amigo que o patrocinou e que essencialmente o colocou onde está hoje para servir os seus interesses. Isto não passa na TV e por um motivo muito simples. O público alvo não quer saber, têm aquilo que querem, que sempre tiveram desde o Estado Novo e mudar algo é um choque demasiado forte.
Eu tenho bocados em que me questiono como é que houve uma revolução mas depois lembro-me que a única coisa que mudou para o cidadão comum foi pelo menos poder queixar-se em voz alta.
Sim, hipérbole."
"É a TV que temos. É uma merda e espero sinceramente que a história da TDT venha acrescentar alguns canais a isto mas estamos a falar de 3.5 canais que dão exactamente a mesma programação, o público apenas escolhe qual o veneno.
Querem gente sem grande entusiasmo mas algum carisma? RTP.
Fofoca e escandaleira? SIC.
Ignorância e paneleirice? TVI.
Não me levem a mal, mas sempre achei piada ao facto da TVI, que começou por ser da igreja, sempre ter sido a mais progressiva no que diz respeito à homossexualidade. Infelizmente só lá metem bichas como o Trouxa e o Castelo Branco que acho que não retratam o cidadão normal que calha a gostar do mesmo sexo, pelo menos não aqueles que conheço. Carlos Casto era a coqueluche da SIC mas apenas a excepção que confirma a regra.
Acrescente-se muito futebol. Não há nada para dar? Futebol. Não há jogo nenhum? Tem que haver, nem que seja duas equipas de júniores de um qualquer lugar perdido no meio do nada.
No caso raro de não haver trata de espetar com uma grande gala sem justificação ou com um qualquer especial em directo dedicado a qualquer coisa que não tem interesse. Que é isto? Gala dos XX anos de YY? Isto estava programado? Quem é o tipo?
Explicando os 3.5 canais: Temos 3 camadas de verniz passadas por cima da mesma prancha de madeira. Cada um escolhe a cor que prefere mas estamos a construir mobília com a mesma madeira prensada de fraca qualidade folheada a material dúbio. Mais cedo ou mais tarde percebemos que estamos a perder com a poupança que fizemos e que devíamos ter investido em madeira melhor. Essencialmente a mesma coisa que com os partidos políticos que temos.
Depois temos a 2. O verniz é de uma marca que conhecemos mas a madeira é melhor. O problema é que não lhe fazem publicidade, é o tesouro escondido e em parte porque não há procura. A fofoca é mais interessante que a cultura, a foleirada importada e refeita para ser "nacional" é melhor que aquilo que é estrangeiro mas com algum valor e a conversa morna ajuda os reformados a adormecer melhor nos lares que as séries que fazem a cabeça funcionar.
E queixam-se das notícias? As notícias são apenas o essencial para manter o estatuto de fornecedor de informação. A informação que passa nelas é filtrada pela equipa editorial não só por motivos políticos mas pela audiência.
É o velho if it bleeds, it leads mas com um twist. Mostremos aquilo que vai invocar "coitadinho" ou "ai, faz-me tanta impressão". A seguir é o estritamente necessário de informação política (mas nada que coloque o público a pensar) ou então o escândalo da moda que, se for bem esticado, dá para uns bons meses (vai dar na mesma, vai é ficar esticado demais). A ideia aqui é invocar empatia, algo mais forte do que isso é mau. Podemos falar na menina de 5 anos (penso que era 5) mas a revolta na Grécia leva uma menção rápida e uma passagem ou duas no rodapé.
De seguida o futebol, pois, porque se fosse logo de início metade do público desligava a TV. Claro que tem-se que atirar um osso ao Tó Manel, ele tem que saber que o treinador do Spirting já era (apesar de já saber tudo pela rádio ou pelos jornais do café) mas falamos nisso durante 2 minutos logo na abertura do jornal e depois repetimos o mesmo durante cinco mais tarde. Chouriço enchido, siga. É importante notar que mesmo que o mundo esteja a assistir a um momento histórico o futebol tem que estar lá. 11 de Setembro? Passamos a emissão toda de volta disto, tal como passámos o dia desde que soubemos, mas temos que falar pelo menos nos três.
E, tal como metade desligava se o futebol viesse em primeiro lugar assim que acabasse essa secção, outra metade chegava a esta altura e já tinha também desligado a TV. Tem que haver algo que prenda até ao fim. Vamos meter as imagens fofinhas dos animais que nasceram no Zoo do outro lado do planeta, os factos informáticos que já se sabem há meses. É o que eu chamo os cinco minutos do Slowpoke, algo do género de: A Apple anunciou recentemente vai lançar um novo produto. Chama-se iPod, sim, com letra minúscula e permite ouvir música num novo formato chamado MP3. O ano de 2012 promete tecnologicamente portanto todos aqueles que pretendem exibir-se com brinquedos que não sabem usar e para os quais têm que contrair um empréstimo só porque uma qualquer vedeta já os tem, já sabem.
Temos uma população extremamente envelhecida e aqueles, que como nós, sabem usar a Internet já largaram a TV pública há muito tempo quer para informação, quer para entretenimento. Nós estamos perfeitamente informados. Nós sabemos que o Passos Coelho não fez nada antes de acabar o curso universitário aos 37 anos e que assim que o acabou foi logo administrador à pala de um amigo que o patrocinou e que essencialmente o colocou onde está hoje para servir os seus interesses. Isto não passa na TV e por um motivo muito simples. O público alvo não quer saber, têm aquilo que querem, que sempre tiveram desde o Estado Novo e mudar algo é um choque demasiado forte.
Eu tenho bocados em que me questiono como é que houve uma revolução mas depois lembro-me que a única coisa que mudou para o cidadão comum foi pelo menos poder queixar-se em voz alta.
Sim, hipérbole."
Ah e tal.... não chove
Como alguns já repararam, não chove em Portugal.
A ministra da agricultura já veio tranquilizar a população:
(Tenho)"esperança que comece e chover e as coisas se possam resolver"
E ainda reafirma:
"Com certeza que, no próximo Conselho [Europeu] e se for caso disso, Portugal sinalizará a questão da seca. Ao manter-se o cenário actual, Espanha e Portugal concertarão posições para poderem beneficiar de alguns mecanismos comunitários"
Só me dá vontade é de chorar com líderes destes.
Em vez de se anunciarem esforços para se lidar com situações de seca, anuncia-se "ah e tal, espero que chova, senão vamos pedir guito à EU". Ridículo que países africanos cultivem trigo, cevada e batata no meio do deserto e nós estendemos a mão.
A ministra da agricultura já veio tranquilizar a população:
(Tenho)"esperança que comece e chover e as coisas se possam resolver"
E ainda reafirma:
"Com certeza que, no próximo Conselho [Europeu] e se for caso disso, Portugal sinalizará a questão da seca. Ao manter-se o cenário actual, Espanha e Portugal concertarão posições para poderem beneficiar de alguns mecanismos comunitários"
Só me dá vontade é de chorar com líderes destes.
Em vez de se anunciarem esforços para se lidar com situações de seca, anuncia-se "ah e tal, espero que chova, senão vamos pedir guito à EU". Ridículo que países africanos cultivem trigo, cevada e batata no meio do deserto e nós estendemos a mão.
2012-02-10
O que se passa na Síria?
Todos nós "sabemos" que o regíme sírio anda a oprimir a sua população certo?
Certo?
Eu pensava que si, até que vi um notícia dia 5 a mostrar os feridos em homs:
E dia 6, outra "notícia" supostamente depois de um bombardeamento em homs (imagem violenta):
link
E depois dia 7:
E por fim dia 9:
Mas o que é isto? Um país com 23 milhões de habitantes e várias notícias ao longo de uma semana mostram o mesmo homem (para não lhe chamar actor) em vários locais, passando até por morto e acabando em activista? Mas que raio de "notícias" são estas? EDIT: fix à 3ª imagem (Pedro)
Certo?
Eu pensava que si, até que vi um notícia dia 5 a mostrar os feridos em homs:
E dia 6, outra "notícia" supostamente depois de um bombardeamento em homs (imagem violenta):
link
E depois dia 7:
E por fim dia 9:
Mas o que é isto? Um país com 23 milhões de habitantes e várias notícias ao longo de uma semana mostram o mesmo homem (para não lhe chamar actor) em vários locais, passando até por morto e acabando em activista? Mas que raio de "notícias" são estas? EDIT: fix à 3ª imagem (Pedro)
2012-02-08
S'ils n'ont plus de pain, qu’ils mangent de la brioche
Segundo notícia no público, a secretária de estado da Saúde Francesa publicou num blogue:
"Aconselhamos os grupos mais vulneráveis para evitarem sair de casa devido à vaga de frio que assola vários países Europeis. Este grupos de mais vulneráveis inclui crianças, idosos, doentes e ....sem-abrigo"
E entrego "+1 intenetz" a quem souber de onde é a quote do título sem ter de ir fazer uma procura
2012-02-07
Game of Thrones shadow, season 2
Game of thrones season 2.
Agora é que o verdadeiro jogo começa a ser jogado! Estreia em Abril 1.
2012-02-05
2012-02-03
Missão Cavaco Silva
chan chan na na chan chan
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Tecnologia/Interior.aspx?content_id=2281315
<<"O objectivo do jogo é apanhar o número de notas suficientes para chegar aos dez mil euros", explica o autor do jogo, ao JN. Se o objectivo não for atingido, aparece a mensagem, com a imagem de Cavaco Silva, a dizer que o montante não chega para pagar as despesas. Caso o jogador consiga alcançar o montante de dez mil euros consegue vencer o jogo. Aí, "Cavaco Silva" agradece: "Obrigado pela ajuda! Finalmente vou poder pagar as minhas despesas. Ufa!".>>
O jogo encontra-se aqui.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Tecnologia/Interior.aspx?content_id=2281315
<<
O jogo encontra-se aqui.
Lago Vostok
Quem não sabe o que o Lago Vostok é, deixo a seguinte descrição:
Uma lago de água doce com 10.000km2, que está localizado por debaixo de 4km de neve. Devido à cobertura de neve, o lago vostok está isolado do resto do mundo à cerca de 20.000.000 anos.
Devido a este isolamento forçado de milhões de anos, é possível que o lago vostok possua formas de vida (possívelmente microscópica) que evoluiu de forma totalmente diferente. O que acontece é que, a Russia mantém faz agora 5 anos um projecto para chegar com uma sonda ou lago Vostok. Perfuram a camada de gelo, isolando o caminho para não haver contaminação, e recolhem amostras puras da água do lago.
É agora que fica giro, o último contacto dos cientistas foi "Sonda chega ao lago brevemente, faltam apenas 10 metros"
Faz agora 5 dias que os cientistas estão incontactáveis. Silêncio Rádio total, e com o verão Antárctico a chegar dentro de dias, as temperaturas brevemente vão chegar aos -89C
O que se passou? Chegaram ao lago? Se sim, já têm amostras? Encontraram o Godzila? ET? A meia de um neandertal perdida?
A ver se estes cientistas voltam a entrar em contacto, ou se ficaram perdidos na "twilight zone"
2012-02-02
Resposta do Euro-deputado Rui Tavares relativamente ao ACTA
Tirado do subreddit de Portugal:
ACTA
VOTAR CONTRA E IMPEDIR O FIM DA PRIVACIDADE ONLINE
Rui Tavares, eurodeputado
O QUE É O ACTA
ACTA significa Anti-Counterfeiting Trade Agreement – Acordo Comercial Anti-Contrafacção. Tem um âmbito muito alargado e foi inicialmente apresentado como um instrumento apontado ao controlo da distribuição online e às tecnologias da informação.
O acordo foi negociado no mais invulgar segredo entre os EUA, a UE, Suíça, Japão, Austrália, República da Coreia, Nova Zelândia, México, Jordânia, Marrocos, Singapura, Emirados Árabes Unidos e, mais recentemente, Canadá. Mesmo que a maior parte dos países não o assinem, acabarão por sofrer consequências indirectas.
Se aprovado, o ACTA autoriza os Internet Service Providers (ISP) – as entidades que fornecem acesso à Internet – a denunciar utilizadores que “possam” estar a violar direitos de autor, iniciando uma monitorização permanente do utilizador. Os ISP poderão vigiar todos os downloads, investigar os utilizadores que façam qualquer coisa considerada “anti-política governamental” e documentar e arquivar tudo que o utilizador faça online.
Mais do que interferir com sítios de Internet e permitir o seu bloqueio sem recurso a tribunais, o ACTA prevê medidas que passam pela vigilância de qualquer partilha feita por canais privados, com consequências em áreas como as da saúde, do comércio, turismo ou agricultura – devido ao controlo não-democrático de patentes científicas a que o ACTA abre portas.
Em suma: o ACTA significa o fim da privacidade online e à circulação livre de informação fundamental para o bem comum.
(Um vídeo que resume bem o problema: http://youtu.be/citzRjwk-sQ)
PORQUE A UE PODE APROVAR O ACTA E COMO IMPEDI-LO
A partir do Tratado de Lisboa, a UE tem personalidade jurídica para assinar acordos internacionais, como este. Esses acordos são negociados pela Comissão com um mandato do Conselho (i.e. os governos dos 27, presumivelmente após consulta dos parlamentos nacionais). Quando as negociações estão concluídas, o resultado é entregue ao Conselho, que assina o acordo e o reenvia ao Parlamento Europeu (PE), que deve dar o consentimento final sem o qual o acordo não entrará em vigor.
O QUE É O ANTI-COUNTERFEITING TRADE AGREEMENT E COMO CHUMBÁ-LO NO PARLAMENTO EUROPEU
O PE é um caso único de parlamento transnacional que pode chumbar acordos e tratados internacionais — muitos parlamentos nacionais, ou mesmo o Congresso americano, não têm poderes tão eficazes neste domínio. Já o PE usou este poder algumas vezes. Logo na primeira vez em que pôde exercer este poder, ao chumbar o acordo SWIFT 1 sobre transferência de dados bancários europeus para os EUA. Mais recentemente, ao chumbar um acordo de pescas com o Reino de Marrocos por desrespeito do direito à autodeterminação do Sahara Ocidental.
O processo de ratificação do ACTA começa antes de chegar à sessão plenária, em cada uma das comissões parlamentares a que o relatório diz respeito: JURI (assuntos jurídicos), LIBE (liberdades civis), ITRE (indústria), DEVE (desenvolvimento) e INTA (comércio internacional).
(Os debates destas comissões são transmitidos online e estas são as ocasiões ideais para identificar os problemas de alguns deputados chave envolvidos no tema. Os debates podem ser vistos através da página de cada comissão: http://goo.gl/xzj7v.)
MOBILIZAR OS DEPUTADOS
É muito importante mobilizar os deputados para os riscos do ACTA e para votarem contra.
O assunto é neste momento de tal maneira sensível que o próprio deputado encarregue de redigir o relatório parlamentar sobre o ACTA, o socialista francês Kared Arif, demitiu-se da função de relator em finais de Janeiro de 2012, “denunciando da forma mais forte possível” a falta de transparência no processo e que vários pedidos de informação do Parlamento foram frequentemente “excluídos”.
É preciso ter presente que, neste momento, não existe disciplina de voto nos grupos políticos do PE. Sabe-se que os deputados de dois grupos políticos (os Verdes Europeus e o GUE/GNL, a esquerda unitária) vão votar contra. Com socialistas e liberais, teríamos uma maioria contra, mas ainda não se sabe como vão votar S&D (socialistas) e ALDE (liberais). Em princípio, o PPE (direita) votará a favor, mas pode ser possível conseguir abstenções dentro deste grupo, ou nos grupos ECR (conservadores) e EFD (nacionalistas). Outro bom ponto de partida é contactar individualmente com os deputados que se abstiveram ou votaram contra na resolução crítica do ACTA, de 2010, a que fiz referência. A sua votação pode ser conhecida aqui: http://goo.gl/y9Do3.
Estas são acções que qualquer cidadão pode tomar, recorrendo aos endereços de e-mail dos deputados http://goo.gl/nK3kG.
TRABALHO FEITO
Há mais de dois anos que no Parlamento Europeu trabalhamos no domínio do ACTA. Em 2010 apresentei uma proposta de resolução denunciando o ACTA (ver em http://goo.gl/W1nz1).
A resolução apontava a natureza secreta das negociações e a falta de legitimidade democrática do processo, defendia o respeito pela vida privada e protecção de dados e opunha-se a “toda e qualquer medida que inclua uma vigilância em grande escala dos utilizadores da Internet e das comunicações via Internet, bem como a obrigação de os fornecedores de Internet adoptarem a política de interrupção da ligação”.
A resolução foi aprovada, principalmente porque houve muitas abstenções, mas é uma boa base para percebermos que deputados é preciso contactar agora para continuar o esforço de não deixar passar o ACTA.
É POSSÍVEL CHUMBAR O ACTA NO PE, SE HOUVER MAIORIA PARA ISSO, QUANDO O ACORDO VIER A VOTOS EM SESSÃO PLENÁRIA.
ISTO PODE ACONTECER JÁ NESTE MÊS DE FEVEREIRO.
ACTA
VOTAR CONTRA E IMPEDIR O FIM DA PRIVACIDADE ONLINE
Rui Tavares, eurodeputado
O QUE É O ACTA
ACTA significa Anti-Counterfeiting Trade Agreement – Acordo Comercial Anti-Contrafacção. Tem um âmbito muito alargado e foi inicialmente apresentado como um instrumento apontado ao controlo da distribuição online e às tecnologias da informação.
O acordo foi negociado no mais invulgar segredo entre os EUA, a UE, Suíça, Japão, Austrália, República da Coreia, Nova Zelândia, México, Jordânia, Marrocos, Singapura, Emirados Árabes Unidos e, mais recentemente, Canadá. Mesmo que a maior parte dos países não o assinem, acabarão por sofrer consequências indirectas.
Se aprovado, o ACTA autoriza os Internet Service Providers (ISP) – as entidades que fornecem acesso à Internet – a denunciar utilizadores que “possam” estar a violar direitos de autor, iniciando uma monitorização permanente do utilizador. Os ISP poderão vigiar todos os downloads, investigar os utilizadores que façam qualquer coisa considerada “anti-política governamental” e documentar e arquivar tudo que o utilizador faça online.
Mais do que interferir com sítios de Internet e permitir o seu bloqueio sem recurso a tribunais, o ACTA prevê medidas que passam pela vigilância de qualquer partilha feita por canais privados, com consequências em áreas como as da saúde, do comércio, turismo ou agricultura – devido ao controlo não-democrático de patentes científicas a que o ACTA abre portas.
Em suma: o ACTA significa o fim da privacidade online e à circulação livre de informação fundamental para o bem comum.
(Um vídeo que resume bem o problema: http://youtu.be/citzRjwk-sQ)
PORQUE A UE PODE APROVAR O ACTA E COMO IMPEDI-LO
A partir do Tratado de Lisboa, a UE tem personalidade jurídica para assinar acordos internacionais, como este. Esses acordos são negociados pela Comissão com um mandato do Conselho (i.e. os governos dos 27, presumivelmente após consulta dos parlamentos nacionais). Quando as negociações estão concluídas, o resultado é entregue ao Conselho, que assina o acordo e o reenvia ao Parlamento Europeu (PE), que deve dar o consentimento final sem o qual o acordo não entrará em vigor.
O QUE É O ANTI-COUNTERFEITING TRADE AGREEMENT E COMO CHUMBÁ-LO NO PARLAMENTO EUROPEU
O PE é um caso único de parlamento transnacional que pode chumbar acordos e tratados internacionais — muitos parlamentos nacionais, ou mesmo o Congresso americano, não têm poderes tão eficazes neste domínio. Já o PE usou este poder algumas vezes. Logo na primeira vez em que pôde exercer este poder, ao chumbar o acordo SWIFT 1 sobre transferência de dados bancários europeus para os EUA. Mais recentemente, ao chumbar um acordo de pescas com o Reino de Marrocos por desrespeito do direito à autodeterminação do Sahara Ocidental.
O processo de ratificação do ACTA começa antes de chegar à sessão plenária, em cada uma das comissões parlamentares a que o relatório diz respeito: JURI (assuntos jurídicos), LIBE (liberdades civis), ITRE (indústria), DEVE (desenvolvimento) e INTA (comércio internacional).
(Os debates destas comissões são transmitidos online e estas são as ocasiões ideais para identificar os problemas de alguns deputados chave envolvidos no tema. Os debates podem ser vistos através da página de cada comissão: http://goo.gl/xzj7v.)
MOBILIZAR OS DEPUTADOS
É muito importante mobilizar os deputados para os riscos do ACTA e para votarem contra.
O assunto é neste momento de tal maneira sensível que o próprio deputado encarregue de redigir o relatório parlamentar sobre o ACTA, o socialista francês Kared Arif, demitiu-se da função de relator em finais de Janeiro de 2012, “denunciando da forma mais forte possível” a falta de transparência no processo e que vários pedidos de informação do Parlamento foram frequentemente “excluídos”.
É preciso ter presente que, neste momento, não existe disciplina de voto nos grupos políticos do PE. Sabe-se que os deputados de dois grupos políticos (os Verdes Europeus e o GUE/GNL, a esquerda unitária) vão votar contra. Com socialistas e liberais, teríamos uma maioria contra, mas ainda não se sabe como vão votar S&D (socialistas) e ALDE (liberais). Em princípio, o PPE (direita) votará a favor, mas pode ser possível conseguir abstenções dentro deste grupo, ou nos grupos ECR (conservadores) e EFD (nacionalistas). Outro bom ponto de partida é contactar individualmente com os deputados que se abstiveram ou votaram contra na resolução crítica do ACTA, de 2010, a que fiz referência. A sua votação pode ser conhecida aqui: http://goo.gl/y9Do3.
Estas são acções que qualquer cidadão pode tomar, recorrendo aos endereços de e-mail dos deputados http://goo.gl/nK3kG.
TRABALHO FEITO
Há mais de dois anos que no Parlamento Europeu trabalhamos no domínio do ACTA. Em 2010 apresentei uma proposta de resolução denunciando o ACTA (ver em http://goo.gl/W1nz1).
A resolução apontava a natureza secreta das negociações e a falta de legitimidade democrática do processo, defendia o respeito pela vida privada e protecção de dados e opunha-se a “toda e qualquer medida que inclua uma vigilância em grande escala dos utilizadores da Internet e das comunicações via Internet, bem como a obrigação de os fornecedores de Internet adoptarem a política de interrupção da ligação”.
A resolução foi aprovada, principalmente porque houve muitas abstenções, mas é uma boa base para percebermos que deputados é preciso contactar agora para continuar o esforço de não deixar passar o ACTA.
É POSSÍVEL CHUMBAR O ACTA NO PE, SE HOUVER MAIORIA PARA ISSO, QUANDO O ACORDO VIER A VOTOS EM SESSÃO PLENÁRIA.
ISTO PODE ACONTECER JÁ NESTE MÊS DE FEVEREIRO.
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