Como os meus estimados amigos e colegas hão de saber, em Fevereiro passado deixei a nossa alma mater, a cidade de Aveiro. Julgo que sabeis igualmente que, até essa altura, estava a viver num apartamento arrendado inteiramente por mim, ao invés de num quarto arrendado num apartamento arrendado aos quartos como fizera antes.
Como é frequente no caso dos apartamentos arrendados "inteiros" (por oposição a "aos quartos"), até celebrar o contrato, não havia nesse apartamento água canalizada nem electricidade, uma vez que não existia contrato que visasse a moradia. Naturalmente, contratei água, electricidade e gás canalizado.
O parágrafo acima não é inteiramente verdade. A água corria, e haveria electricidade, se alguém tivesse ligado um fusível. Não havia era contratos. Quanto à electricidade, foi preciso virem dois técnicos ligar o fusível (e, mesmo assim, quiseram levantar entraves). Quanto à água, foi só ir ao escritório da ADRA, pagar a conta que o inquilino anterior tinha deixado por pagar e assinar o papel. O gás foi ligeiramente mais complicado, mas não vem ao caso.
Quando foi altura de deixar o apartamento, cancelei os ditos contratos, como é de esperar. Apesar dos entraves anteriores, cortar a electricidade foi bestialmente simples: fui à loja do cidadão, disse que não queria mais electricidade, paguei o que tinha consumido desde a última facturação, a senhora que me atendeu elogiou o meu casaco e já está. O gás foi ligeiramente mais complicado, mas não vem ao caso. A água é que foi pior...
Dei baixa do contrato contando não ter que me ralar mais com o assunto, como tivera sido para ligar a água. No entatno, na manhã do dia em que me fui embora, apareceram lá dois técnicos para tirarem o contador (que já lá estava quando ocupei o apartamento).
Dali a dias recebi, já em Viseu, a última factura desse contracto. Julgava que nunca tinha pago sequer €20,00 de água de cada vez (hoje fui recordado de que, afinal, uma vez paguei coisa de €36,00), mesmo nos meses que passva integralmente em Aveiro, como era o caso de quase todos. Pois a última factura, respeitante a um período durante o qual eu quase não estive em Aveiro, era de €92,16 e referia-se a mais de 30 metros cúbicos de água.
Os meues estimados colegas e amigos têm a noção de quanto é trinta metros cúbicos? São trinta mil pacotes de litro de leite. Ou quarenta mil garrafas de vinho. Ou noventa mil latas de Coca-Cola(R). Ou cento e vinte mil garrafinhas de água.
Naturalmente, contestei a factura. Telefonei-lhes e fui informado de que, realmente, tinha ocorrido um erro, que não fazia sentido ter sido cobrado o valor que fui cobrado e que não pagasse até que fosse emitida uma factura revista. Fiquei satisfeito... durante umas horas. Umas horas foi quanto bastou para que o engano fosse desfeito. E, por desfeito, não quero dizer corrigido; os senhores da ADRA é que se aperceberam que, afinal, não houve engano nenhum, e informaram-me de que tinha mesmo que pagar. E depois, porque são senhores muito bem educados, desligaram-me o telefone na cara. Voltei a reclamar.
Voltaram-me a dizer que havia engano e que não pagasse. Disseram que me haviam de mandar outra factura (outra vez). Fiquei satisfeito, desta feita durante alguns meses, até aqui há dias, de facto.
Aqui há dias mandaram-me uma carta, endereçada a um indivíduo que eu não conheço, mas com um nome vagamente parecido com o meu, e que mora na mesma rua e no mesmo apartamento que eu, mas numa cidade com o mesmo código postal e um nome diferente da minha. Interrogo-me como é que a malfadada carta me descobriu, endereçada como estava.
Nesta carta, impressa e corrigida à mão (nada suspeito), informavam-me outra vez de que não tinham cometido qualquer erro e que pagasse, mas não davam rigorosamente nenhuma indicação de como proceder ao pagamento. Se calhar, estavam à espera de que eu fosse de Santa Maria (onde não moro, mas talvez o Alexandre more) até Aveiro para ir à loja do cidadão.
Depois de três vezes que para lá liguei a perguntar, lá se dignaram a dar-me uma referência multibanco, que só fica activa amanhã, apesar de, a ajuizar pela data da carta, o pagamento ter sido exigido em Junho. Faço notar que, das duas vezes anteriores que tinha ligado, o sistema telefónico deles limitou-se a ejectar-me da fila de espera após 15 minutos (mantendo forte a tradição deles de me desligarem o telefone na cara).
E, quando, finalmente, me atendem, a fulana, a quem eu comecei por dizer que estava farto de contestar a legitimidade da factura fraudulenta com a qual me molestam, mói-me (aliteração FTW!) o bichinho do ouvido durante vinte minutos para me explicar, com argumentos tão fortes como "mas isto é uma leitura real", "já tem pago mais de um terço deste valor", "nós somos só intermediários" e "houve uma mudança de tarifário", por que é que me estão a roubar e eu a ver.
ADRA, vós que tendes água, ide-vos lavar por baixo.
E, já agora, queria aqui anunciar que isto aqui, que isto aqui, é uma data de ladrões, uma data de gatunos e uma data de chupistas. Devem ser amigos da MEO.
Gostava de vos pedir para boicotarem a ADRA, mas:
1. É escusado, somos poucos demais;
2. É um monopólio do estado (só os privados é que são ilegais);
3. A maior parte de vocês nem que quisesse já não pode ser cliente da ADRA, que também já não estais em Aveiro.
Digo-vos antes pax vobiscum atque vale.
7 comments:
Holy cow.
Não percebi foi:
Se pagavas a água por consumo estimado (imagino que seja o modelo que tinhas). Se sim, então os tais 90 e tal euros seria a diferença entre o estimado e o consumo real?
Digo isto porque lembro-me que os gajos da água também andaram lá no nosso antigo apartamento a chatear porque parece que há mais de 2 ou 3 anos que não faziam contagem.
A última contagem real tinha sido feita em Novembro. Não acredito que, de Novembro para Fevereiro se tehnham enganado nas estimativas em 90 euros.
Devias ter apontado o valor no contador, agora é a tua palavra contra a deles, e eles ganham.
O nosso blog está tão crescido.
Eu quando sai de Aveiro tive um problema com a PT. porque fui à loja do Cidadão cancelar o telefone e aparentemente tudo ficou resolvido. Uns anos depois sou posto em tribunal por uma divida nao paga e tal... acontece que me continuaram a cobrar facturas até cancelarem o contracto por falta de pagamento.
Long story short fui a tribunal para contestar a tal divida de 90 euros e acabei por gastar uns 300 em advogado e deslocações. É isto a justiça no nosso país.
=x
@Neca: Ao menos devias ter recebido uma T-Shirt grátis, tipo "Fui assaltado com a bênção da República Portuguesa". Podíamos formar um clube... no Twitter, por exemplo.
Isso é para meninos.
Ainda tens muito que sofrer.
Tenta contratar a Digalgaz para teres gaz canalizado em casa!
Já agora vai ao espectacular site de 1996
http://www.digal.pt/Digal.htm
Have fun!
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