2010-10-13

Caridade

Hoje recebi um telefonema. Isto é incomum, para mim, mas não digno de nota, não fosse ter recebido o tal telefonema no telefone fixo, a partir do qual nunca faço chamadas e que só tenho para poder pagar menos à Cabovisão. O que era realmente extraordinário é que o meu interlocutor não era nenhuma das (duas) pessoas a quem eu dei o número deste telefone (faço notar que nem eu sei este número de cor). Era uma instituição de caridade.

Queriam que os ajudasse a angariar fundos para oferecer a um jovem de 31 anos que, recentemente, se tornou paraplégico uma cadeira de rodas motorizada.

"Motorizada?" Indaguei. "Por quê motorizada?"

Sucede que o jovem de 31 anos em questão mora sozinho e não tem quem o empurre.

Ora bem, não tenho qualquer veleidade de entender o drama de quem não se pode servir das próprias pernas, mas também eu já tive que me servir de uma cadeira de rodas e lembro-me que a tal cadeira, para além de rodas, tinha um aro junto a cada roda que o utilizador podia fazer girar para deslocar a cadeira sem se levantar. Mais: se fizesse girar um dos aros enquanto impedia que o outro girasse, a cadeira virava e, se fizesse girar os aros em direcções opostas, a cadeira girava sem sair do sítio (era holonómica, como o Cambada e o R2-D2. Só tecnlogia!). Não tinha era motor.

Quer isto dizer que as cadeiras de rodas motorizadas são, inexcepcionalmente, um despedício de dinheiro e deviam ser reunidas em praça pública e incineradas?

Claro que não. Para pessoas que tenham mobilidade reduzida nos braços (ou distrofia muscular aguda ou um braço a menos ou dois braços a menos ou três braços a... espera lá...) ou outro motivo de força maior, um motor é perfeitamente justificável. No entanto, tanto quanto entendi, não é o caso deste jovem.

Já agora, havendo aí alguma alma caridosa, tenho 25 anos, moro sozinho e não tenho namorada. Façam aí uma vaquinha para me arranjar uma Scarlett Johansson, se faz favor.

Caridosamente, hoje fiz a minha parte para que um jovem de 31 anos que se tornou, recentemente, paraplégico, não perdesse completamente esse exercício físico que nos advém do simples acto de andar. E nem estava a usar boxers!

Pax vobiscum atque vale.

9 comments:

Peres said...

Logo, se chama caridade e não vaquinha por telefone.

Zeca said...

*facepalm* ...

Hal said...

Curtia era ficar 70 dias preso dentro da Scarlett, ao good old estilo mineiro chileno. Se esta tipa algum dia aprender português e descobrir este blog vai ficar bue lisonjeada :P.

ArabianShark said...

Lisonjeada na melhor das hipóteses, mas, às tantas, há outras possibilidades

Sintra said...

Opa se o knight fosse tao giro como eu, era lisonjeada sim, mas visto que ele eh meio urso.....

Hal said...

Mas um urso bem fofinho!

Anonymous said...

Desculpa, fresco e fofo aqui sff

~~Sintra

ArabianShark said...

Considerando todas as implicações do termo "urso", eu não admitia...

Anonymous said...

Continuo a dizer que o bijuu de 10 caudas é o pedobear...