Estou a mudar de casa. Nada contra a casa onde vivo, mas arranjei trabalho (yay!) noutra terra, de maneira que lá fui eu tratar de arrendar um imóvel.
Maravilhas de se arrendar um imóvel:
- O senhorio tem que assinar os papéis. E eu tenho que assinar os papéis. Mas temos de os assinar ao mesmo tempo. Acho que é parte de uma qualificação para uma modalidade olímpica nova: a assinatura de papéis sincronizada (e Portugal cai ser tão bom nisso em 2016! Vai ficar toda a gente tipo "Qual papel? O papel!"). A disponibilidade do senhorio é que pode ou não ser lá muito conveniente...
- O senhorio também tem que pagar o imposto de selo. E depois tem que vos fazer chegar o comprovativo do mesmo, senão o próximo item fica impossibilitado.
- As luzes não acendem, a água não corre e o gás não flui. É preciso contractá-los. Idem para telecomunicações.
- A casa não tem nada que não esteja aparafusado, pregado ou colado às paredes, ao chão ou ao tecto. Aqui, às vezes, vale-nos uma divindade nórdica, frequentemente esquecida do panteão Asgardiano: o deus pagão IKEA, padroeiro dos entusiastas de Legos que cresceram.
- Depois disto tudo, ainda é preciso perder um dia ou dois a arrumar as coisas todas, carregá-las num veículo de tamanho adequado (que é preciso obter, de uma forma ou outra, já que pouca gente tem tal coisa), acartá-las para onde quer que seja que se vai morar e perder o mesmo dia ou dois outra vez a desempacotar tudo.
(respirando fundo)
Enfim, maçadas há-as sempre. Mas, caramba, a Galp não ajuda rigorosamente nada!
Fui à loja do Cidadão de S. João da Madeira (é para lá que vou trabalhar (yay!)). Encontrei o balcão da Galp (não foi difícil; era o único que não era nenhum dos outros dois). Pedi para contractar os serviços deles (agora também já dão electricidade). Foi então que começaram os meus sarilhos.
A Telma, que era a menina que me atendeu, disse-me o seguinte:
- O anterior inquilino tinha contracto de gás na Gold Star (Goldstar? Goal Dstar? Ninguém me sabe dizer). Se eu não for à Go All-Star descobrir se o contracto está activo, foi rescindido ou cortado por falta de pagamento, "vai ser difícil fazer o meu contracto".
- O escritório da tal companhia é junto à rotunda que dá acesso à A1.
- Preciso de obter o "bilhete de identidade dos contadores" (sic) e fazer a leitura dos mesmos. Ela apontou os números de identificação.
- A Galp não é fornecedora de electricidade.
Em resposta, respectivamente:
- Primeiro, os contractos, obrigações e dívidas dos inquilinos anteriores não são da minha competência ou responsabilidade. Usá-los para obstar ao meu eventual contracto é, numa palavra, "merdoso". Para além disso, ninguém com quem eu falei sequer ouviu alguma vez falar da companhia, muito menos saber onde tem instalações.
- De acordo com as indicações da Telma, os escritórios da Goldest Arr ficam não "perto" da A1 mas sim directamente em cima da A1. Quem circular ali entre Estarreja e Porto tenha cuidado para não bater.
- Ela sabe (que não sabe) os números de identificação dos contadores, mas não me sabe obter o "bilhete de identidade" do contador? E mais ninguém acha isto estranho? Para além disso, os contadores do gás estão em caixas fechadas que não sem abrem sem uma chave com uma cavidade triangular, para não ir lá qualquer idiota fazer mafarriquicies (também é da maneira que não consigo fazer a leitura). Isto antes de nos lembrarmos que não era a primeira vez que o contador era removido no final do contracto. Quanto ao contador da electricidade, apesar de não existir, em todo o andar, um contador com o número que ela me disse, lá o achei e fiz a leitura.
- WTF!?
E, com isto, perdi um dia. Hoje, Sábado, quis ver se resolvia alguma coisa na loja do cidadão (mas de Viseu, que a de S. João está fechada). Disse-me a menina com quem falei:
- "Impossível."(sic) Foi esta toda a resposta dela assim que disse que queria contractar os serviços da Galp.
- O sistema hoje não permite contractos novos.
- Tenho que (ser eu a) descobrir dois códigos do serviço de gás e luz. Para os descobrir, tenho que ligar para um certo número.
- De certeza que, com uma chave de fendas ou um garfo sou capaz de arrombar a caixa onde talvez esteja o contador.
Portanto, respectivamente:
- "Ganda" espírito! Fiquei logo cheio de vontade de continuar a tentar ser cliente desta companhia. Claramente, eles querem que eu seja cliente deles. É assim mesmo: dá trabalho, logo, é impossível. Descartes terá dito algo semelhante, mas em latim (labuto ergo non sum... ou então outra coisa qualquer). Boa!
- Julgo que é por o sistema ser judeu. "Honrarás o Shabbath e mante-lo-ás santo". Eu acho que vi o sistema a usar uma yarmulke uma vez. E aquela penca que o sistema tem não engana ninguém.
- Mas tenho que ser eu, porque a Galp não tem telefones (toda a comunicação interna é feita por pombos correio. Não imaginam a esterqueira que vai nos escritórios deles), e, sem isso, "vai ser muito difícil para (ela) descobri-los". Ora, a Galp não faz coisas difícies; só fáceis. Isso e, claramente, não emprega ninguém cujo trabalho seja ajudar os potenciais clientes a comprometerm-se a passar vários meses a debitar, a favor deles, os seus preciosos sheckles em troco de gás e electricidade.
- Ela acabou de me dar instrucções de como sabotar o equipamento da empresa para a qual trabalha? Não, isso não é, nunca, de maneira alguma, nem sequer parecido com um tiro no pé.
Galp... é mais "golpe", isso sim!
Pax vobiscum atque vale.