2012-07-30

Código fascinante

Antes de mais nada, deixem-me dizer-vos que estou uns dias em Portugal. Também tenho direito a férias.

Agora, o sumo da questão. Ontem, um grande amigo meu, que eu já não via há sete meses, perguntou-me qual era o meu fascínio por programar. E digam lá que não é uma questão interessante?

Na altura, disse-lhe que é porque tenho um certo complexo de Deus. Ele, que também cresceu, como nós, com jogos de computador, compreende bem que os jogos constituem uma realidade alternativa, que, se não é exactamente tão real como a "nossa", é, pelo menos, igualmente gratificante. Ora, na qualidade e programador, nessas diversas realidades, somos deuses. Quando não, considerem o seguinte: se, neste exacto momento, vos entrasse, digamos, um hydralisk pela casa adentro, atrevo-me a dizer que estáveis feitos ao bife (e, brevemente, feitos em bifes. E costeletas. E lombo. E iscas de fígado). Mas os hydralisks não existem na mesma medida em que nós existimos. Por outro lado, enquanto programadores, não só não temos nada a temer de um hydralisk (enquanto ele esteja alegremente a devorar Marines e nós do outro lado do écran) como também somos capazes de definir não só as propriedades mas também o comportamento do hydralisk. E, convenhamos, o hydralisk é uma criatura imponente, mas completamente subjugado à nossa vontade. Power Trip!

Mas enfim, esta foi a minha resposta. Agora, gostava é de saber as vossas respostas. E claro que não me esqueci que nem todos os participantes e autores deste blog são programadores (ou principalmente programadores), mas tenho cá para mim que a maior parte tem, pelo menos, pus bocadinho de experiência a programar.

Finalmente, se, de facto, um hydralisk vos entrar pela casa adentro, provavelmente o melhor é pararem de fumar essas cenas...

Paz vobiscum ataque vale.

2012-07-20

De Bastardos e Freiras, o outro lado de Afonso de Portugal

O assunto que vos trago aqui hoje não é de todo pacífico, nem confortável.


Como todos já sabem, D. Afonso Henrique (que discuto mais aqui) lutou toda a sua vida contra os mouros (e reis católicos!), casou com D. Mafalda de Saboia, e teve como filho D. Sancho I, segundo rei de Portugal. Linear, Certo?


Não é bem. D. Afonso foi também muito provavelmente dos mais tempestuosos Reis Portugueses. Habituado a que sua palavra fosse lei, acima até da voz de qualquer clero (ou papa, ele próprio se declara rei antes de ordem papal), Afonso raramente admite ser contrariado, e não ficou propriamente conhecido por seu bom humor ou disposição.


Afonso casa com Mafalda aos 36 anos de idade, uma idade bastante avançada para o primeiro casamento real, mas isto não quer dizer que se tenha mantido "ocioso" até essa data. O grande amor da vida de Afonso foi provavelmente Chamoa Gomes, sobrinha de Fernão Peres de Trava, este por sua vez amante e companheiro de D. Teresa (Mãe de D. Afonso Henriques) e conde Galego.


Chamoa Gomes tinha portanto sangue nobre, e ligações até com a Galiza, terras desde cedo cobiçadas por Afonso. Mas Chamoa tinha também um (ou vários problemas). Casa com Paio Soares, de quem tem 3 filhos e enviuva, Chamoa decide tornar-se Freira, é quando já é freira que tem um filho de Mem Rodrigues de Tougues. Chega-nos até nós hoje que sua alcunha era de "loba", não sei se por ter fama de "devorar" homens naquela época, mas estou mais inclinado para a malícia do clero da época que tinha muito contra Chamoa, mas já volto a este ponto.






É portanto Chamoa Gomes Freira no convento benedito de Vairão quando conhece D. Afonso. Bom, os detalhes não posso contar, mas tudo aparenta que o caso entre os dois tenha sido tórrido, tanto que entre 1135 e 1140 Afonso é pai por duas vezes.


Sim Chamoa Gomes dá ao futuro rei de Portugal os seus primeiros dois filhos: Fernando Afonso e Pedro Afonso....


O que se passou então? Se a paixão era tanta, porque não se casa Afonso com Chamoa, de quem tem inclusive 2 saudáveis filhos? Pressão política? Duvido, Afonso não respondia a nenhum outro nobre. Pressão religiosa? Quem no clero ousava pressionar o rei que depôs o bispo de Coimbra e o substituiu por um mouro?


Deixo a pergunta a "marinar", mas a minha teoria vai não para pressão política ou religiosa mas para o próprio D. Afonso. É claro, Afonso podia ser tempestuoso, a até mesmo adorar Chamoa, mas Afonso não era sem visão e Chamoa Gomes era como eu disse sobrinha do "padrasto" de D. Afonso Henriques, o que os faria de primos(não de sangue, mas primos na mesma) aos olhos de algum clero mais ligado a Espanha. Casamentos entre primos era motivo comum na época para excomungar (gravíssimo!), mas não só, caso Afonso fosse ter um "acidente", a nobreza ligada à sua Mãe e a Fernão Peres rapidamente tomariam controlo dos dois pequenos infantes, invocando laços de sangue, e unindo Galiza ao Condado Portucalense, com o detalhe de ter sede em Espanha.


E seria mesmo uma freira (ou ex freira) como rainha, e dois filhos ilegítimos com uma linha de sucessão bastante frágil que D. Afonso tinha envisionado para o futuro do Reino de Portugal? Certamente que não, e caso tivesse acontecido certamente o Reino tinha caído em guerra civil pouco depois da morte de Afonso.


Mafalda de Saboia, de famílias ricas Italianas-Francesas é sugerida então como um bom casamento a Afonso, casamentos este que é consumado em 1146, quando Fernando Afonso tem 11 anos, e Pedro Afonso 6.






Tristemente, os próximos anos não são bons para o casal. O seu primeiro filho, Henrique Afonso, morre em criança, o segundo filho, uma menina, acaba por falecer também, o terceiro, uma menina também, e foi só ao quarto filho do casal que nasce D. Sancho. O casamento também não é feliz, Mafalda acusava Afonso de infidelidade (talvez com Chamoa ainda?) e acabar por morrer, aos 32 anos de idade. 


Mas o que aconteceu aos primeiros filhos de D. Afonso Henriques? 
O mais novo, Pedro Afonso, torna-se o primeiro mestre da ordem militar de Avis, e pouco mais chega aos nossos dias de sua vida.


Fernando Afonso, o primeiro filho de Afonso, serviu primeiro como Alferes mor do reino, e foi mais tarde participar na 4ª cruzada. Já na terra santa, foi nomeado Grão mestre da ordem dos cavaleiros hospitalários (cargo de grande poder e influência), mas foi forçado a abdicar 4 anos depois por motivos desconhecidos e volta a Portugal, onde morre em circunstâncias... digamos, pouco claras. É sepultado em Santarém, e no seu jazigo pode-se ler:


“Quem quer que sejas tu, sujeito à morte, lê e chora. Sou o que tu serás, já fui o que tu és. Peço-te que rezes por mim”.













2012-07-14

Prólogo I – A queda da Roma Antiga.


Visto que o Peres puxou o assunto do défice em Portugal, através do artigo Grandes Economistas e como hoje não me apeteceu dedicar tempo para o trabalho do IT (que está sempre em atraso), decidi finalmente escrever alguma coisa de jeito para este nosso blog.
Falar do futuro ou do que irá acontecer é sempre um tema… subjectivo, senão mesmo “mayano” e quando se fala sobre a Economia Europeia, pior ainda. Dependendo com quem se falar, se perguntarmos a alguém se acha que o problema da Dívida Europeia se irá resolver, poderemos obter respostas como “O que é isso?”, que representa a resposta de quem está a leste deste mundo e por isso nem conta para as estatísticas, “Tudo se irá resolver com medidas de austeridade e esforço do cidadão europeu comum”, que representa a visão do político optimista ignorante que não quer perceber que austeridade só pode ser aplicada até certo ponto (ver Curva de Laffer), “Vai ser o fim do mundo. Estamos condenados, vamos voltar à idade da Pedra”, que representa a visão do Pessimista que espalha o seu pessimismo mas sem perceber do que está a dizer e deve ser ignorado quando observado e por fim, “Muito provavelmente o Euro está condenado a não ser que inflacionem a moeda através da impressão épica de notas” o que representa uma visão muito realista do que poderá vir a acontecer. Não só esta é a minha posição como também vou explicar o porquê de a apoiar.

Prólogo I – A queda da Roma Antiga.
Muitos de nós lembram-se certamente de aprender nas aulas de História do ensino básico, algumas das causas da queda da Roma Antiga. Eu lembro-me perfeitamente de a minha professora de História, focar-se mais nas invasões bárbaras como a principal causa para a queda do império e também, como o alargamento e extensão das defesas do mesmo, no entanto, eu prefiro focar-me noutro aspecto muitas vezes esquecido mas que para mim, considero que tenha sido o golpe fatal, a questão político-económica.

A divisão do Império
O declínio começou por volta de 140 AD. Guerras civis, ataques constantes por parte das tribos germânicas Godos e Vândalos, enfraqueceram o Império tendo por consequência, sido perdido o apoio na própria lei Romana.
O Império romano estava espalhado por toda a Europa Ocidental, onde dentro da própria máquina militar, havia diversas e diferentes opiniões sobre o que é que o Imperador haveria de ser, culminando com cada um dos exércitos que compunha a máquina militar romana, a empurrar o seu próprio “candidato” para Imperador e envolvendo-se em batalhas para colocar o seu representante no lugar. Entre 211AD e 284AD, existiram 23 “imperadores-soldados”, todos depostos por rivais!

Para consolidar um império deste tamanho, era necessária uma forte máquina militar, bem gerida e mantida sob controlo, onde significa que seria necessário um controlo muito apertado dos gastos financeiros ou seja, da Dívida!

A desvalorização do Denário
Para aumentar o financiamento da máquina militar romana, era necessário obviamente aumentar os recursos financeiros do Império e para tal, existiam várias hipóteses tais como, aumento de impostos, aumento de receitas ou desvalorização da moeda. Para que se conseguisse aumentar as receitas naquele tempo, teriam que se aumentar as exportações para fora do Império, o que se tornava complicado visto que este mesmo estava sob ataque de todas as direções. Diversos foram os imperadores que optaram pela via mais fácil com sucessivas desvalorizações da moeda ao longo de décadas! Visto que naquela altura, só se vivia cerca de 40 anos, seria normal não perceberem os efeitos a longo prazo, sendo preferível “chutar a lata” para a frente, para que quem venha a seguir, resolva o problema.



O Denário, era uma moeda de prata de aproximadamente 4,5 gramas de prata, usada em transações comerciais de baixo custo, ou seja, para as compras do dia-a-dia, para pagamentos de ordenados enfim, para a economia das massas, onde para compras de altos valores, era usado o Áureo, uma moeda de Ouro, feita de aproximadamente 8 gramas de ouro (1/40 da libra romana) que fora padronizado por Cesar.

O Denário já ao longo de 2 séculos viria a ser constantemente desvalorizado para o sustento da máquina de guerra do império e para o próprio sustento da podridão de Roma! Como é que se desvaloriza uma moeda deste tipo? Simples, reduz-se a quantidade de prata que nela existe, substituindo por outro metal, um núcleo de ferro por exemplo. Mesmo o Áureo fora desvalorizado no tempo de Nero, passando a conter apenas 1/45 libras romanas de ouro.
Esta moeda, literalmente indexada à prata, era a espinha dorsal da economia Romana! Os cidadãos Romanos que ganhavam o seu ordenado em Ouro eram raros, sendo que a grande maioria recebia e fazia a sua vida regular com Denários.  
A desvalorização do Denário mostrou-se fatal. No final do Império de Marcus Aurelius Valerius Claudius Augustus, o Denário estaria já a sofrer uma hiperinflacção que viria a destruir a economia romana, visto que a moeda em si pouquíssimo valor teria, lançando o Caos Económico por toda a Roma Antiga. Os cidadãos romanos que ainda possuíam ouro sob forma de Áureos, ainda se conseguiram safar, ficando para trás todos os que optavam pelo Denário, tendo sido lançados para a pobreza e a miséria, por não terem uma moeda para representar o seu verdadeiro esforço de trabalho acumulado.

Sem uma moeda como o Denário para suportar a economia de massa do Império Romano, não haveria forma de suportar a máquina militar romana ou de evitar o desmantelamento da mesma. Deserções no seio militar, guerras internas de poder, ataques militares externos, enfim, estava constituída a tempestade perfeita.

Engraçado como os tempos de hoje (União Europeia e Euro) parecem orientar pelo mesmo caminho. Mais tarde, irei (tentar) publicar as minhas opiniões sobre isto.

2012-07-12

Jovem, queres usar DLL em Java?

Também tu podes agora usar DLL em Java sem teres de tirar um curso em JNI (e andares a "contar" ponteiros, e sem teres suores cada vez que há um erro - que tu culpas logo no programador de C do outro lado da barricada claro).


Yep, resumindo, JNI é uma dor de usar, e os problemas são tantos que nem vale a pena o esforço. Logo, e para responder ao título do post, recomendo vivamente JNA. Estupidamente fácil de usar, estupidamente sólido, e quando há problemas, sabes logo se é do teu lado (duh!) ou do lado de quem fez o DLL (duh!). Aliás, chega ao ponto do estupidamente fácil que tu:



  1. Public Interface OmeuDLL extends Library{
  2. OmeuDLL INSTANCE = (OmeuDLL) Native.loadLibrary("OmeuDLL")
E quando o queres usar:
  1. OmeuDLL xpto = OmeuDLL.INSTANCE
  2. xpto.asfuncoesdogajodeC();
  3. xpto.loleleusaponteiros(lol);

Lembra-te apenas que quando no header do DLL vires char, char* ou void* tens de ter o cuidado de colocar o correspondente tipo de váriável correcto. Neste caso char - byte, char* - String, void* - Pointer.



EDIT by Pedro: editado HTML para permitir linewrap. Blogger, eu ter de ir mexer no HTML do post para o o linewrap acontecer é, bem, um bocado parvo!

2012-07-04

Ex.mo Sr. Dr. Eng. Prof. Min. Relvas

1984 - Inscrição no Curso de Direito na Universidade livre, onde completou 1(UMA) cadeira
1985- Pede mudança para curso de história, onde completa 0 cadeiras
1995 - Inscrição no Curso de Relações Internacionais, onde completa 0 cadeiras
2006 - Inscrição no curso de Ciência política na Lusófona, que completa em menos de 1 ano  (sendo o curso de 3 anos, com 36 cadeiras).


A universidade esclarece que:
...(a) universidade privada analisou o “currículo profissional” de Relvas, bem como a frequência dos “cursos de Direito e História” anos antes... (daí as "equivalências que permitiram acabar o curso) 


E numa notícia totalmente não relacionada:
Felciano Barreiras Duarte, actual secretário de Estado de Relvas, era professor do curso de Relvas na Lusófona.