Os Tartessos prosperaram durante mais de 500 anos, e estenderam a sua influência por quase metade da península ibérica, e poderiam ter durado muito mais caso não tivessem escolhido o lado Grego durante a guerra com Cartago. Esta civilização desaparece da história abruptamente, como se tivesse sido varrida por um cataclismo, não se sabe inclusive a verdadeira localização da sua capital, Tartesso, que terá provavelmente sido varrida do mapa pelo gigante militar africano.
A partir deste ponto a história é controversa. Há quem defenda que o povo que habitou o sul de Portugal entre VII a.C e o século I era não mais que os "refugiados" Tartessos, mas as diferenças que vou apresentar mais à frente levam-me a discordar.
Acontece que um dos grandes mistérios da península ibérica é exactamente este povo que habitou o sul do País até serem anexados pelos Romanos na província Lusitana. O seu nome era "Cónios" e desenvolveram a escrita antes da chegada dos Fenícios. É aqui que a história fica confusa:
- A origem dos nativos Iberos é possivelmente muito, muito remota. O registo mais antigo de um "antepassado" são talvez os "Iberomaurisienses" por volta de 7500 a.C (e aliás, mostram a sua cultura "alentejana" ao ficarem na história como amantes de caracóis. As suas pinturas rupestres mostravam frequentemente caracóis, e há inclusive depósitos inteiros de cascas de caracóis encontrados juntamente com vestígios Iberomaurisienses, se isto não serve de prova não sei que servirá)
- Será possivelmente uma sub-cultura destes "Iberos" que deu origem aos Cónios. Por volta de 1500 a.C, chegam à Península os primeiros povos Celtas (do sul de França) e são estes que"empurram" os Cónios para o Sul do País ao longo de vários anos de conflito, acabando os cónios por se estabelecer a sul do Tejo.
- 1200 a.C. , chegam os fenícios, e mais tarde os gregos. Ensinam a sua escrita e modo de vida aos Tartessos, mas encontram os Cónios já com uma escrita própria.
Ora, para quem não sabe, a escrita Cónia ou escrita do Sudoeste é ainda hoje um mistério por desvendar. Partilha alguns dos símbolos fenícios e apenas se conhece o significado de alguns (dos cerca de 60) caracteres. É uma escrita composta por vogais, consoantes, e sílabas. Ou seja, existem caracteres para vogais e consoantes como no alfabeto, mas existem também caracteres para sílabas ou sons inteiros. Isto, aliado ao facto de não existir espaçamento entre palavras torna-a extremamente difícil de decifrar.
A primeira aproximação dos linguistas quanto encontraram escrita Cónia foi traduzir como se de fenício se tratasse, mas há um detalhe importante: A escrita do sudoeste é anterior a qualquer contacto com os fenícios, e logo, este modo de tradução falhou. Passou-se depois para os caracteres mais repetidos, e aí se chegou a um conjunto de glifos que apareciam repetidos em lajes fúnebres (possivelmente algo como "R.I.P"., ou "aqui jaz fulano tal"), mas também o som de "-ipo, -oba, e -uba", presentes em "Olissipo"(Lisboa), "Ossonoba"(Faro) e "Corduba".
Quase tudo o resto é ainda mistério. Se alguem tiver aí um algoritmo xpto, esteja à vontade:
3 comments:
PS: Estou plenamente convicto de ter decifrado parte da escrita do sudoeste. Na última imagem, "lendo" de dentro para fora, temos 2 caracteres repetidos tal e qual como se fosse um "LLLOOLL". O resto da escrita será certamente os rants de um tipo que bebeu demasiado hidromel.
Awesome stuff (o post e o hidromel, gosto bastante)!
Lolol :)
Bom post histórico! Continua a postar dentro desse tema que faz bem à cultura histórica da malta :)
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