2012-06-30

O Invencível Cruzado da Capa

Recentemente (entenda-se, de 2005 para cá), uma famosíssima personagem de ficção, de quem quase ninguém falava desde 1997, e não sem uma certa dose de razão, voltou à ribalta: falo, naturalmente, do Batman.

Não é que eu seja um perito em banda desenhada, e ainda menos em banda desenhada que já tinha para cima de 40anos quando eu tive a infeliz ideia de nascer, mas todos conhecemos o Batman bem que baste para discutir os sobretons (não sei se existe a palavra. Tentei traduzir "overtones") dominantes da personagem. Sabeis do que eu falo: um vigilante que se leva demasiado a sério, apesar de se vestir de morcego, e que aposta numa imagem aterradora. O resto do ambiente no qual o Batman se insere não é mais alegre: Gotham é uma cidade delapidada, consumida pelo crime e pela corrupção. Se não fosse o panteão de vilões, que inclui indivíduos concebidos durante uma greve de seriedade (vide Joker, Penguin e Riddler, entre outros), as aventuras do Batman tinham menos lugar numa banda desenhada e mais no repertório do Roman Polanski (num dia em que ele estivesse virado para o drama deprimente à la "Ghost Writer", ao invés de "Por Favor, Não Me Morda no Pescoço"). No entanto, o ricaço que sai à noite com metade da cara à mostra e dúzias de Bat-coisas nas bolsas do cinto polula revistas, desenhos animados e filmes para, às vezes maiores de 13.

Sabíeis que, quando se começaram a fazer filmes do Batman, em 1989, a cidade de Gotham foi feita a misturar diferentes estilos de arquitectura de maneira a tornar a cidade feia de propósito? Trago isto à baila porque, em comparação com o Batman bem disposto de certas bandas desenhadas das décadas de 40 e 50 - e, não esquecer, da série de televisão de 1966 com o Sr. Adam West, mais tarde Presidente da Câmara de Quahog - foi esse filme que retomou e reestabeleceu o Batman deprimente, quase cruel que hoje toda a gente reconhece.

Agora vou falar de mim, porque sou eu que estou a escrever (e porque os meus estimados colegas e amigos deixaram passar o meu aniversário sem sequer um "parabéns, pá!" por e-mail. Deixem lá; há sempre para o ano). Eu não gosto particularmente do Batman. Não tenho nada contra ele, não há nada no conceito ou na execução que me repudie - a não ser a meia máscara; é muito mais assustador não se saber rigorosamente nada acerca do homem debaixo da capa que saber que é branco, tem dentes certinhos, não usa barba, tem hálito a hortelã-pimenta e mais a miríade de coisas que se podem discernir acerca do Bruce Wayne só a olhar para o Batman. Mas a pergunta interessante é "porquê"? Eu lembro-me perfeitamente dos desenhos animados do Batman na década de 90, do "Batman Returns" de 1992 (o "Batman Forever" é um bocadinho parvo, e do "Batman & Robin" não tenho mais nada a dizer) e de longas metragens de animação do Batman, mais uma vez, da década de 90, como "The Mask of the Phantasm" de 1993 - que, ainda hoje, acho impecável - ou "Mytstery of the Batwoman", já para não falar dos novos "Batmans" (Batmen?) com o Christian Bale, e há uma coisa que me apraz dizer: adoro a estética do universo Batman. Adoro a ideia de um vigilante que não se ensaia nada a dar aos criminosos razão para fugirem a correr, cheios de medo. Até gosto do facto de o indivíduo andar sempre todo de preto - a parte do tema dominante dos morcegos não me aquece nem me arrefece. Podia dar-lhe para pior. Imaginem que, ao invés de morcegos, o homem tinha uma pancada por sardinhas enlatadas. Posto isso, andar mascarado de morcego até parece razoável. Então por que é que eu não sou maluco pelo Batman?

Antes de continuar, tenho que interludiar uma triologia de albuns de banda desenhada do Batman, cujo título ao certo me escapa, mas que, resumidamente, começa por opor o Batman ao Conde Drácula, passa por transformar o próprio Batman num vampiro - digam lá que não se estava mesmo a ver - e acaba com toda a gente a fazer tijolo. Este bocadinho de Batman é absolutamente brilhate em rigorosamente todos os níveis e recomendo vivamente a toda a gente, incluindo criancinhas que possam ficar quinze dias sem dormir e quinze décadas com medo do escuro e de morcegos.

Voltando ao milionário playboy que divide o seu tempo entre super-heróis e super-vilões, apesar de não ter mais super-poderes que rios de dinheiro e umas engenhocas catitas que ele mesmo - ou a companhia com o nome dele - constrói: o Iron Man é o meu herói favorito. Os de vós que costumam ler o Cracked.com talvez tenham lido este artigo, que justifica a minha opinião.

Mais uma tangente agora, desta vez no mundo dos videojogos: lembrais-vos de um jogo (bastante mau) chamado MK vs DCU (Mortal Konbat versus Detective Comics Universe, para quem não é lá muito versado em abreviaturas)? A premissa deste jogo era que, "ao mesmo tempo" (é ridículo falar de "mesmo tempo" no que toca a universos distintos, já que cada universo tem o seu próprio tempo... provavelmente) que o Raiden atacava com um relâmpago  o Shao Kahn, que se preparava para fugir através de um portal interdimensional, o Super Homem atacava com um raio dos olhos o Darkseid, que se preparava para fugir através de um portal criado por um daqueles dispositivos que os senhores da Aperture Science Laboratories constroem - não, espera lá; afinal também era um portal interdimensional. Sucede que os ataques dos heróis desestabilizam os portais dos vilões, que, como é obvio, se fundem num só (tanto os portais como os vilões), e agora que temos desculpa para o Super Homem e o Batman andarem ao estalo com o Sub-Zero e o Scorpion, temos jogo.

Estabelecida esta premissa, e se, numa fusão semelhante o Batman e o Iron Man se juntassem?

Aparentemente, não sou o primeiro a pensar nisso.


Pax vobiscum atque vale.

2012-06-29

Grandes Economistas

O défice de Portugal, que este ano não poderia passar de 4,5%, é, no primeiro trimestre do ano, 7,9%.

Recordo que o défice era, em igual período do ano passado de 7,5%.

Isto é, sem palavra melhor no vocabulário Português, uma tragédia. Quer dizer que a austeridade, aumento de impostos (via IRS, quem o paga à mais de 2 anos sabe o agravamento que foi), e corte de subsídios de férias e natal aos funcionários públicos resultou num PIB muito mais baixo do que o aumento de receitas que daí veio. Explico:

Visto que o défice é um índice de dívida em relação ao PIB de um país (Ex: um país gera 100 por ano, e gasta 101, isto é um défice de 1%), este resultado indica que o PIB do país caiu mais em relação ao aumento da receita. Por outras palavras, estamos a sufocar a "galinha dos ovos de ouro", na esperança de enriquecermos.


Na minha opinião, o próximo passo do governo será retirar (por via de imposto extra) o subsídio de natal no sector privado. Isto claro, vai gerar uma série de problemas, pois muita gente recebe os subsídios como duodécimos ao longo do ano, e não vai ter um salário extra para pagar em Dezembro...

A ver o que acontece...

2012-06-26

The Matrix vs Dwarf Fortress

Quase toda a gente conhece "The Matrix", pelo menos o primeiro filme. Seres humanos presos num programa de computador, onde ficou famoso o "ecrâ verde" de código Matrix:


O que muita gente não conhece, é Dwarf Fortress. Uma simulação (de anões a viver na sua montanha) com um interface e gráficos simplesmente dolorosos:


É claro, há quem defenda que o "The Matrix" é simplesmente um "tileset" de Dwarf fortress, ou seja, um pack gráfico como esta imagem demonstra:

Acho bastante plausível. Tanto que, na realidade Dwarf Fortress é muito mais complexo do que a Matrix alguma vez poderia ser. Por debaixo dos gráficos horríveis (embora haja "tilesets" que o tornam jogável) está uma simulação complexa, que torna Dwarf Fortress quase impossível de gerir sem aparecer "fun" aos montes.

Na base do jogo estão os Anões. Os Anões são criaturas simples. Apenas necessitam de comida, bebida, e um local com pouca humidade onde passar a noite. Criam-se umas quintas de cogumelos e cevada para se ter a comida e cerveja, escavam-se umas salas (leia-se, buracos), corta-se madeira para fazer umas camas, e tudo parece simples. Mas é claro, esses quartos ficavam mais giros com uma porta (e vou usar pinho ou carvalho?), talvez até um baú, e isto faz com que o Anão fique mais feliz, e trabalhe melhor (cortar madeira, escavar rocha, fazer cerveja, etc). A felicidade global na tua fortaleza depressa atrai imigrantes, e os anões passam de meia dúzia para dúzia e meia. Até temos depois casalinhos de Anões (e Anõas?), que adoptam cachorinhos e gatinhos...

E tudo aumenta de complexidade. Agora já temos pescadores, limpadores de peixe, talhantes, criadores de gado, 3 tipos de cereais para 6 variedades de cervejas, uma fortaleza com 40 andares, 80 quartos, um sistema complexo de bombas que puxa água do rio para o último andar(Dwarf fortress tem um sistema de movimento e pressão de líquidos bastante próximo do real) , onde montámos um hospital com acesso a água corrente, um esquadrão de 10 anões militares.... ah, a vida é boa.

E é mais ou menos quando tudo está a parecer bom demais que acontece. Por vezes é um clique errado, que faz com que um Anão puxe a alavanca errada (aquela que dizia "puxar apenas se o mundo estiver a acabar") e acabamos por inundar metade da fortaleza, ou então é um acidente de caça, onde o caçador matou por acaso o cão do lenhador, lenhador esse que mata 5 anões num espiral de ira, famílias desses 5 anões que entram em depressão e se recusam a apanhar cereal para fazer cerveja, falta dessa cerveja que faz com o resto da fortaleza entre em guerra civil para ver quem se apodera dos últimos 5 barris de cerveja...

E depois temos também os cercos à fortaleza, armadilhas complexas (placas de pressão, que abrem comportas, que inundam a área de lava, lava esta que quando aquece uma placa de contacto, abre a porta do "jardim zoológico" que tens estado a montar para gerar uma confusão de animais selvagens, lava e invasores), anões megalómanos (que pedem, por exemplo, um quarto enfeitado a ouro e pedras preciosas), espirais de ira, suicídios em massa a muito muito mais!

2012-06-21

Portas e probabilidades

Não, hoje não é acerca do Paulo Portas. Fica para outro dia. Portanto, imaginem vossas excelências, que jogais num concurso, no desfecho do qual o apresentador vos mostra três (3) portas e anuncia que atrás de uma delas está o prémio (um carro, umas férias, dinheiro, o conteúdo da mala do "Pulp Fiction"... o que quiserdes).

Eis que vos é pedido que escolheis uma porta. Feita a vossa escolha, mas antes que seja revelado se escolhestes bem, o apresentador abre uma das outras portas e constatais que, atrás da porta que ele abriu, não há nada. Posto isto, é-vos feita a seguinte oferta: quereis mudar de opinião e tomar antes como escolhida a porta que nem escolhestes antes nem ainda foi aberta?

Contaram-me este cenário hoje ao almoço e, aparentemente, é vantajoso trocar. Alguém é capaz de me explicar porquê?

2012-06-12

Preparação pro Futebol

Coisas que ajudam um gajo preparar-se pra jogar fute (hah, tavam à espera que fosse uma lista de itens a ter à mão ao visualizar um jogo?):
  • Comer qualquer coisa para dar alguma energia e para alimentar os músculos. Bananas são fantásticas porque ajudam a combater as cãibras (para minha grande vergonha, tive que ir ver ao dicionário como se escrevia cãibra...). Atum ajuda no desenvolvimento dos músculos.
  • HYDRATE OR DIE aka beber bastante água ou sumo. Também ajuda a evitar cãibras. E o açúcar do sumo dá-te alguma energia.
  • Cortar as unhas. Seriously! Unhas partidas, unhas a crescer por baixo doutras unhas, unhas arrancadas e outras histórias de horror com as extremidades dos pés (e às vezes das mãos!).
  • Mandar um cagalhão. Isto é fundamental. Pra já, porque não há pior sensação que estar a meio do jogo e de repente os intestinos viram-se pra ti "sup bro, temos que ir cagar. Agora." Para além de se evitar uma situação potencialmente embaraçante (ya, eu acabei de usar esta palavra, deal with it), um gajo sente-se tão mais leve e rápido, e o controlo da bola deixa de ser difícil (tenta conter-te enquanto corres e páras como um louco e ainda te acontece isto).
  • Fazer aquecimento. Correr um pouco, esticar os músculos e mexer as junções (no meu caso os tornozelos). Possivelmente usar estas cenas cujo nome em português desconheço. Hoje vou experimentar não usar. Amanhã sou capaz de estar bastante mal disposto.

Posto isto, vou fazer estas coisas, porque FUTEBOL!

P.S.: "atualizar" no meu blogger? GTFO!

2012-06-11

Prometheus (Spoiler Free)


Quem já foi ver esta prequela da série Aliens?

Vi (em 3D) e revelou-se como um filme mais inteligente e ligeiramente menos caótico que os aliens. Não quer dizer que tenha perdido aquilo que o faz um filme "alien", não. Continua com o suspense que nos mantém por vezes na ponta da cadeira, com a respiração suspensa; mantém também os fortes papéis femininos, desta vez com uma Charlize Theron que mostra determinação semelhante a uma Helen Ripley, e a estreante Noomi Rapace que com um sangue frio impossível de descrever (bem a podiam meter no meio dum filme do saw, a fazer o que fosse preciso para sobreviver que ela não pensava duas vezes).

Oh, e que dizer de Michael Fassbender, cujo papel de David (o cyborg da tripulação) pega no "Bishop" do Aliens 2 e lhe dá dúvidas existenciais e até uma manha que poucos esperavam. Deixo sem spoilar, um diálogo entre o David e um membro da tripulação:

David: Estão aqui para encontrar os engenheiros da raça humana?
Membro da tripulação: Correcto, para falar cara a cara com o nosso "Deus"
David: O que lhe perguntarão?
Membro da tripulação: Porque nos criou, à raça humana. Porque nos deixou.
David: Vocês criaram-me a mim. Porque me criaram?
Membro da tripulação(a rir): Haha... porque podemos.
David: Imaginem a vossa desilusão se o vosso Deus vos respondesse isso.
Membro da tripulação(a rir): Ainda bem que não tens sentimentos então.
David: ...

Para quem já viu o filme, e mais uma fez sem spoilar a quem não o viu, o que acham que o David perguntou ao Engenheiro?

2012-06-07

Sou grande

Hoje não fiz absolutamente nadinha no trabalho. Todos os meses a empresa tem algo chamado de "burguer day", e hoje era a vez do meu departamento prepará-los. A minha contribuição foi perguntar "já se come?"

Isto tudo porque estas últimas semanas têm voado e demasiada merda anda-me a acontecer.
Não me recordo com clareza o que tem acontecido, mas entre certas coisas tive trabalho bué importante pra fazer (e tá feito crl!), tive que acabar os meus últimos exames pra finalmente ser classificado como engenheiro cá no Canadá, ajudei uma rapariga a trair o namorado, tive que trabalhar longos fins de semana pra ganhar aquele guito lindo que todos adoramos, tive que recusar uma proposta de casamento (e assim terminar uma relação), tive que, em várias ocasiões, levar a minha equipa de coxos às costas no futebol (foda-se, quão difícil é receber e passar uma bola e correr um bocado? Eu vejo aqueles atrasados mentais na televisão a fazê-lo todas as semanas...), deixar de falar com uma rapariga porque estava-se a sentir demasiado próxima de mim e isso fá-la sentir-se culpada porque se vai casar com um tanso qualquer e não quer que o pessoal comece a espalhar rumores (haha too late), apeteceu-me andar a comer à pála da empresa e amanhã vou arriscar não levar almoço e rapar fome porque tou com preguiça de fazer o almoço.
Amanhã também vou voltar a jogar futebol porque a semana passada apareceu lá uma rapariga com uns calcões extremamente curtos e com aquela perna toda, vamos ter que nos conhecer melhor. Tenho também que me lembrar de visualizar a estreia do euro2012 no trabalho. Com sorte o websense esqueceu-se dos tempos da liga dos campeões em que eu passava as belas tardes a ver futebol, e finalmente desbloqueia-me os sites de streaming.
E no fim de semana vou trabalhar outra vez e potencialmente não visualizar o jogo de Portugal contra os Nazis. Em contrapartida faço uns dollarzitos.

Aposto que me esqueci de cenas, mas que sa foda, a culpa é do Goucha por não estar online para receber o meu rant e impedir-me de postar isto aqui!

P.S.: hahahaha casar? hahahahahahaha a vida só tá a começar!
E agora vou jogar diablo3. Sintra out!